A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) busca que os países mais vulneráveis da América Latina possam ter acesso a uma vacina contra a COVID-19 de forma subsidiada, no momento em que a região concentra 60% dos novos casos.
"A Opas se está coordenando com outros parceiros para garantir que os países mais vulneráveis da região recebam a vacina contra a COVID-19 de forma subsidiada, com preços acessíveis", declarou nesta terça-feira a diretora da Opas, Carissa Etienne, que acrescentou que isso poderia ser articulado por meio de um fundo de cooperação.
A América Latina e o Caribe somam 146.660 mortes, do total de 573.533 casos fatais de coronavírus no mundo, de acordo com um balanço realizado pela AFP com base em dados das autoridades nacionais e informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Etienne indicou que, na última semana, a região registrou 60% dos novos casos de COVID-19, por isso pediu um trabalho conjunto para garantir as vacinas, assim que um fabricante com uma proposta bem-sucedida seja identificado.
"Isso permitirá que os países, independentemente de seu nível de renda, garantam melhores preços e corram menos riscos do que se negociassem individualmente", acrescentou Etienne.
A especialista alertou que os países devem se preparar agora para chegar até as populações vulneráveis.
"Caso contrário, pode levar anos para que as pessoas sejam vacinadas e não podemos arcar com esse atraso", afirmou.
Etienne informou que a organização está negociando com a Aliança Global por Vacinas para a COVID-19 para conseguir a dose, em um momento em que países com muito recursos, como os Estados Unidos, apostam no investimento às pesquisas para garantir o desenvolvimento delas, o que poderia não permitir o acesso.
"Nenhum país deveria fazer isso sozinho", acrescentou a especialista.
- Surtos mortais -
Etienne comentou sobre Estados Unidos, Brasil e México, países que atualmente experimentam "alguns dos surtos mais mortais do novo coronavírus" no mundo.
Além disso, a diretora da Opas alertou que as populações vulneráveis foram as mais atingidas.
"No Brasil, por exemplo, as comunidades indígenas têm registrado taxas de contaminação cinco vezes maiores do que a média nacional", ressaltou.
Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis, afirmou que as condições da América Latina são "variáveis".
"Estamos enfrentando um problema social, econômico e de saúde pública", argumentou o especialista da Opas.