A França vai investir 40 bilhões de euros na reativação da indústria e 20 bilhões paras a renovação térmica de edifícios e tecnologias verdes, anunciou nesta quarta-feira o primeiro-ministro Jean Castex.
"Nossa indústria está enfraquecida. (...) Somos muito dependentes de parceiros externos e estamos insuficientemente presentes em alguns setores estratégicos. No âmbito da reativação, dedicaremos 40 bilhões de euros para que isso mude", disse ele na Assembleia Nacional.
O plano de reativação de pelo menos 100 bilhões de euros anunciado no dia anterior pelo presidente francês, Emmanuel Macron, também conterá uma quantia de 20 bilhões de euros para a renovação térmica de edifícios e o desenvolvimento de métodos de produção mais ecológicos nos transportes, energia e alimentação, observou o chefe do governo.
Em seu discurso, 12 dias após assumir o cargo, Castex afirmou que sua "primeira ambição" será "reconciliar essas Franças tão diferentes".
Em um contexto econômico muito deteriorado, o primeiro-ministro assegurou que "a luta contra o desemprego e a preservação do emprego" será "a prioridade absoluta para os próximos 18 meses".
O conteúdo preciso desse plano, no qual o governo está trabalhando sob a supervisão do ministro da Economia, Bruno Le Maire, será "arranjado, nas próximas semanas, com os setores sociais e comunidades territoriais", destacou Jean Castex.
Ele será lançado "a partir do início de setembro", acrescentou, tendo como pano de fundo uma contração de 11% no Produto Interno Bruto (PIB) este ano, segundo previsões do governo.
Em relação à pandemia da COVID-19, que na França já causou a morte de mais de 30.000 pessoas, Castex confirmou ao jornal Le Parisien o uso obrigatório de máscaras em lugares públicos e fechados a partir de 1º de agosto. Também garantiu que, caso seja necessário impor novas medidas de confinamento, será feito de forma parcial e "focalizada".
- "Moderação na partilha de dividendos" -
O primeiro-ministro também prometeu fazer um balanço "a cada dois meses" no Parlamento dos "resultados" do plano.
A reativação industrial passará principalmente por uma redução nos impostos sobre a produção, que equivaleria a 20 bilhões de euros, disse o gabinete do primeiro-ministro à AFP.
Essa é uma redução significativa, já que o produto anual desses impostos representa mais de 70 bilhões de euros, e será realizado em dois períodos: "10 bilhões em 2021 e 10 bilhões em 2022", disse Bruno Le Maire, da rede França 2.
O plano também integrará um capítulo de solidariedade aos mais pobres, melhorando, por exemplo, a ajuda para reiniciar o ano letivo deste ano ou a possibilidade de os bolsistas comerem por um euro em restaurantes universitários.
Da mesma forma, as empresas que receberem auxílio sob esse plano "serão convidadas a uma moderação rigorosa na distribuição de dividendos, como ocorreu durante a crise da saúde", alertou.
Cerca de 6 bilhões de euros serão destinados ao sistema de saúde, acrescentou Castex, que na segunda-feira assinou um acordo para reavaliar os salários do pessoal paramédico.
Em relação à reforma previdenciária, um tema explosivo na França que recentemente causou uma série sem precedentes de greves, o primeiro-ministro disse que ela ainda é "necessária", mas que "medidas financeiras" precisarão ser diferenciadas.
Outra questão que Castex abordou em seu discurso de política geral é a luta contra o islamismo radical, uma "preocupação muito importante" para o governo.
Em setembro, deve ser apresentada uma lei de "luta contra os separatismos".