Raoni "começou a ficar doente há 15 dias, com febre, diarreia e vomitando" e, "há dois dias, foi levado de avião de sua aldeia até o hospital de Colíder", a 648 km de Cuiabá, no Mato Grosso, explicou Gert-Peter Bruch, presidente da ONG, que coordena a atividade internacional do cacique.
De início, acreditou-se na possibilidade do cacique ter contraído o novo coronavírus, mas o teste de detecção da doença deu negativo. O líder indígena se encontra "estável" e recuperou o apetite, de acordo com Bruch, que explicou que o chefe da etnia Kayapó, com mais de 90 anos de idade, ficou debilitado após a morte da esposa, no fim de junho.
O falecimento da esposa, vítima de um derrame cerebral, "afetou muito o ânimo" do cacique Raoni, descreveu.
Famoso pelos coloridos cocares de plumas e o grande disco inserido no lábio inferior, Raoni viajou o mundo nas últimas décadas para aumentar a consciência sobre a ameaça que a destruição da Amazônia representa para os povos indígenas.
Desde que o presidente Jair Bolsonoro (sem partido) assumiu o poder, em janeiro de 2019, Raoni redobrou as denúncias de ataques contra os povos nativos do Brasil.
Em entrevista recente concedida à AFP, Raoni afirmou que Bolsonaro quer "se aproveitar" da pandemia para impulsionar projetos que ameaçam os povos indígenas, que têm um histórico de vulnerabilidade a doenças externas.
Mais de 16.000 indígenas foram contaminados e 535 morreram por causa do novo coronavírus no Brasil, segundo a Articulação de Povos Indígenas do Brasil (APIB). Os dados causam temor entre os cerca de 900.000 indígenas que vivem em diferentes regiões do Brasil.
Outro líder indígena emblemático do país, o chefe Paulinho Paiakan, morreu em junho depois de ser contaminado pela COVID-19.
Mais de dois milhões de pessoas foram contaminadas e mais de 77.000 faleceram de COVID-19 no Brasil.