Um ex-guarda de campo de concentração nazista, julgado na Alemanha por cumplicidade no assassinato de milhares de pessoas, pediu desculpas, nesta segunda-feira (20), pelas vítimas do Holocausto, poucos dias antes de que seja anunciada sua sentença.
"Hoje, gostaria de me desculpar diante daqueles que sofreram esse inferno de loucura e diante de seus familiares. Algo semelhante nunca deve acontecer novamente", declarou Bruno Dey, de 93 anos, em sua última declaração antes do veredicto previsto para quinta-feira.
As declarações das testemunhas lhe permitiram compreender "toda a magnitude da crueldade" dos atos praticados no campo Stutthof no norte da Polônia, acrescentou.
"Gostaria de reiterar que nunca fui voluntário para me alistar nas SS (...) ou em um campo de concentração", enfatizou, apontando que nunca estaria lá se tivesse a chance de evitá-lo.
Bruno Dey é acusado de cumplicidade no assassinato de 5.230 pessoas, entre agosto de 1944 e abril de 1945, no campo de Stutthof, próximo ao que então era Danzig, atualmente Gdansk na Polônia.
É julgado em um tribunal de menores porque tinha entre 17 e 18 anos na época.
Segundo a promotoria, "ele apoiou o terrível assassinato especialmente de presos judeus".
Seu advogado, Stefan Waterkamp, pediu hoje a anulação do caso ou, na pior das hipóteses, uma punição com suspensão da pena de prisão, de acordo com a legislação para menores.
Deve-se levar em conta que o fato de "ser destinado a um campo de concentração não era considerado um crime na época" alegou o advogado.
Criado em 1939, o campo de concentração de Stutthof, o primeiro construído fora de Alemanha, foi inicialmente destinado a presos políticos poloneses.
No entanto, acabou recebendo cerca de 115.000 deportados, muitos deles judeus. Aproximadamente 65.000 pessoas morreram nele.
Nos últimos anos, a Alemanha tem julgado e condenado vários ex-SS por cumplicidade em assassinatos, ilustrando uma severidade crescente, embora tardia, de sua justiça.