Um estudo publicado pela Universidade de Oxford indica que o distanciamento social e o uso de máscaras podem não apenas desacelerar a transmissão do novo coronavírus como também diminuir a gravidade dos sintomas de COVID-19 em infectados.
Os pesquisadores estudaram um surto da doença entre 508 soldados na Suíça – a maioria homens de 21 anos. Eles foram divididos em dois grupos: um que foi infectado antes de fazer distanciamento e outro que contraiu o coronavírus durante o isolamento. Do primeiro grupo, de 341 soldados, 30% ficaram doentes. No segundo, com 154 integrantes, nenhum desenvolveu COVID-19, apesar de possuírem anticorpos específicos para o SARS-CoV-2.
Na conclusão da pesquisa, os autores afirmam que o distanciamento social retarda a propagação do vírus em um grupo de adultos jovens e saudáveis, impede um surto de COVID-19, mas também induz uma resposta imune. “O inóculo viral durante a infecção ou o modo de transmissão pode ser um fator-chave na determinação do curso clínico da COVID-19”, escrevem.
O biólogo Atila Iamarino, em uma postagem no Twitter, afirmou que o resultado da pesquisa é “fantástico”, e que se for replicado, “pode mudar o curso da COVID-19”. O divulgador científico explica que a conclusão do estudo sustenta a ideia de que a gravidade da doença depende da quantidade de vírus com que a pessoa entra em contato.
“Quem tem contato com uma dose maior do coronavírus deve desenvolver uma inflamação mais rápida e mais séria. Aí, com a máscara e com distanciamento social, a dose é menor e a doença mais leve”, escreveu.
Segundo o biólogo, essa característica ajuda a explicar por que o aumento recente de casos não vem acompanhado de alta correspondente nas mortes. “Além de mais testes e tratamentos melhores, se quem contraiu o vírus estava se protegendo, poderia ser uma COVID mais leve”, argumenta.
Iamarino afirma que, se isso for confirmado, é possível diminuir a letalidade da doença. “No mínimo, diminuir internações já seria fantástico. Mas, se diminuírmos a letalidade também, o número de vidas em risco seria muito menor”. Por fim, o cientista recomenda: “Fica em casa e usa a máscara”.
*Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa