Começa, nesta terça-feira (21), o julgamento da pior tentativa de atentado antissemita na Alemanha desde o final da Segunda Guerra Mundial, o ataque a uma sinagoga em pleno Yom Kippur, num contexto de ressurgimento da ameaça da extrema direita.
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No dia do feriado religioso judaico, o alemão, fortemente armado, tentou entrar na sinagoga local, onde 52 fiéis estavam presentes. Mas, sem conseguir ingressar no templo, atirou contra dois pedestres.
O agressor é acusado de duplo homicídio, tentativa de homicídio contra outras 9 pessoas e incitação ao ódio racial.
Pode ser sentenciado à prisão perpétua, com uma pena mínima de 15 anos.
O tribunal de Magdeburgo, na Saxônia-Anhalt (leste), previu 18 dias de audiências.
Stephan Balliet é acusado de ter cometido "um ataque contra cidadãos de fé judaica com um motivo antissemita, racista e xenofóbico", de acordo com a acusação.
O jovem, vestido com trajes militares, tentou forçar a entrada do templo com explosivos e tiros, incluindo de um fuzil feito com uma impressora 3D.
Ao não conseguir abrir a porta, matou uma mulher que passava por ali e um homem que estava em um restaurante de kebab. Após perseguição, a polícia conseguiu prendê-lo.
Os serviços de inteligência alemães estabeleceram um paralelo com os ataques em Christchurch (Nova Zelândia), alguns meses antes, contra duas mesquitas, que causaram 51 mortes.
O réu gravou e transmitiu seu ataque ao vivo, negando a existência do Holocausto e insultando os judeus.
Também publicou um "manifesto" na internet, no qual expressava seu ódio pelos judeus.
Segundo a Justiça alemã, o agressor pretendia "cometer um massacre", mas a solidez da porta trancada da sinagoga o impediu.
O homem vivia socialmente isolado e havia abandonado a escola. Seguidor de teorias da conspiração neonazistas, morava com a mãe em uma pequena cidade na Saxônia-Anhalt e passava a maior parte do tempo navegando na internet.
"Pela maneira como vê o mundo, ele culpa os outros por sua própria miséria", comentou seu advogado, Hans-Dieter Weber.
Depois de examinar o assassino, o psiquiatra Norbert Leygraf o descreveu em um documento consultado pela revista Der Spiegel como alguém com um complexo distúrbio de personalidade com características de autismo. No entanto, estava ciente da injustiça de suas ações.
Balliet, em detenção preventiva e fortemente vigiado, tentou escapar da prisão no final de maio, provocando indignação da comunidade judaica.
O réu conseguiu enganar os guardas escalando um muro de 3,40 metros de altura e depois entrou em um edifício penitenciário adjacente sem ser visto. Não encontrando saída, voltou a ser detido sem resistência.
O incidente fez com que um secretário de Estado no ministério regional da Justiça fosse afastado do cargo.
Como resultado, Balliet ficará algemado pelos pés e mãos quando transferido para o tribunal e será monitorado permanentemente durante as audiências.
O ataque de Halle ocorreu em um momento de ressurgimento do terrorismo de extrema direita no país.
Há um mês, começou o julgamento de um simpatizante neonazista, acusado de ter matado um político conservador favorável à acolhida de migrantes na Alemanha.
Em fevereiro, um homem a favor das teorias racistas e antissemitas matou nove pessoas de origem estrangeira em Hanau, a leste de Frankfurt.
Uma tendência que também atingiu o exército e a polícia alemães, abalados por escândalos de que alguns de seus membros estariam ligados à extrema direita.