Os incêndios no Pantanal brasileiro, um santuário de biodiversidade situado ao sul da Amazônia, triplicaram este ano com relação a 2019, segundo dados oficiais disponíveis nesta quinta-feira (23).
Satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectaram 3.506 focos de incêndio entre janeiro e 22 de julho nesta região, um recorde durante este período desde o início das observações, em 1998.
A alta foi de 192% com relação ao mesmo período de 2019.
Os números mostram uma continuidade preocupante da tendência de 2019, quando os incêndios em uma das maiores áreas alagadas do mundo já tinham se multiplicado por seis.
No mapa do Inpe observa-se grande concentração de pontos vermelhos (que indicam os incêndios) na região, situada principalmente no sudoeste do país e compartilhada com a Bolívia e o Paraguai.
A vasta planície, inundada durante a temporada úmida, abriga várias espécies animais.
Este ano, o município mais afetado pelas chamas foi Corumbá (Mato Grosso do Sul), com 2.423 focos, um aumento de 147%.
A floresta amazônica, situada ao norte do Pantanal, registrou no mês de junho mais incêndios do que há 13 anos, com 2.248 focos, embora desde o início do ano tenha havido uma diminuição de 16% com relação ao mesmo período de 2019.
Os incêndios costumam se intensificar na temporada seca na Amazônia, que começou em junho, e especialistas temem um agosto devastador, apesar de o governo ter proibido na semana passada a realização de queimadas durante quatro meses.
O presidente Jair Bolsonaro, partidário da abertura de terras indígenas e áreas protegidas da maior floresta tropical do planeta a atividades de mineração e pecuária, está sob forte pressão internacional, inclusive de fundos de investimento, que exigem "resultados" no combate ao desmatamento.