Fechada desde março pela pandemia, a cidade inca de Machu Picchu, joia do turismo peruano, celebra nesta sexta-feira (24) seu 109º aniversário, mas sem visitantes. A cidade de pedra permanece vazia desde o decreto de emergência de saúde, em 16 de março.
As autoridades esperavam reabri-la nesta sexta, mas desistiram devido aos casos que continuam em alta.
"No ano passado, muitas pessoas vieram ao aniversário, mas desta vez, infelizmente, não teremos visitantes porque ainda não há uma data de abertura para Machu Picchu", disse à AFP Darwin Baca, prefeito de Macchu Picchu, declarada Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1983.
"A data de reabertura ainda não está definida. Possivelmente será no mês de agosto, porque os casos estão aumentando em Cusco", região onde Machu Picchu está localizada, declarou Baca.
O governador de Cusco, Jean Paul Benavente, havia anunciado há 11 dias que a cidade inca estaria habilitada a visitas em 24 de julho, caso houvesse condições de biossegurança. No entanto, cinco dias depois, ele mesmo contraiu o coronavírus, em meio a um aumento de casos nessa região surandina, o que colocou seu plano em risco.
O prefeito de Cusco, Ricardo Valderrama Fernández, entrou nesta sexta-feira para a lista de autoridades contaminadas da cidade, após dar positivo em um exame de detecção da COVID-19, informou o prefeitura.
Novos protocolos
O prefeito Baca informou que a decisão de adiar a reabertura foi tomada em uma reunião entre representantes do governo regional e do Ministério da Cultura.
Disse também que os centros de testes rápidos da COVID-19 ainda precisam ser instalados nas estações de trem, além de uma ambulância.
Segundo os novos protocolos de biossegurança, será permitido apenas 675 turistas por dia na cidade, afirmou o prefeito.
Antes da pandemia, esse número variava entre 2.000 e 3.000 e, em alta temporada, chegava a 5.000. Em março, no último dia de visita, 2.500 pessoas visitaram o local.
O governo aprovou este mês um limite de 2.244 turistas diários, seguindo uma recomendação de especialistas da Unesco. A medida valerá para o período pós-pandemia.
No entanto, o ministro da Cultura do Peru, Alejandro Neyra, afirmou que alguns protocolos de saúde ainda não foram aprovados, como para a entrada e circulação de turistas.
Inicialmente, o governo previa reabrir Machu Picchu em 1º de julho para reativar a economia e o turismo local, mas desistiu por temor a contaminações da população indígena.
O Peru mantém suas fronteiras fechadas há mais de quatro meses, o que gerou o colapso do turismo na cidade de Cusco, antiga capital do império inca e localizada a 72 km da famosa cidade de Macchu Piccu, onde cerca de 100.000 pessoas vivem dessa atividade.
Desde que Machu Picchu foi aberta ao turismo em 1948, a cidade mítica só fechou por apenas dois meses em 2010, quando uma inundação destruiu a ferrovia de Cusco, mas estava aberta naquele ano para o seu aniversário.
Em 24 de julho de 1911, o explorador e aventureiro americano Hiram Bingham chegou a Machu Picchu, que estava coberta por uma exuberante vegetação e cuja existência tinha passado despercebida pelos colonizadores espanhóis, que conquistaram o império inca no século XVI.
Embora habitantes da região conhecessem a existência da cidadela, foi Bigham que anunciou a descoberta para o mundo.
Machu Picchu (que significa Montanha Velha em quíchua), foi construída pelo imperador inca Pachacútec no século XV a 2.400 metros de altitude, como centro cerimonial ou lugar de repouso de nobres.