A economia mexicana, segunda maior da América Latina depois do Brasil e fortemente atingida pela pandemia da COVID-19, caiu 17,3% no segundo trimestre de 2020, sua maior queda já registrada - aponta a estimativa preliminar do Instituto Nacional de Estatística (INEGI) divulgada nesta quinta-feira (30).
O Produto Interno Bruto (PIB) "diminuiu (-) 17,3% em termos reais no trimestre abril-junho de 2020 frente ao trimestre anterior, com números ajustados pela sazonalidade", afirma o comunicado do INEGI.
No primeiro trimestre, quando começaram a ser sentidos os efeitos de uma semiparalisia econômica devido à COVID-19, o PIB caiu 2,2%.
Na comparação anual, a economia mexicana mostrou um retrocesso real de 18,9%, ainda segundo estimativas do INEGI.
O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, disse em coletiva de imprensa que esse retrocesso era esperado, porque a pandemia começou a afetar o país a partir de março.
"Existem outros indicadores de que, em julho, já estamos avançando", afirmou.
Obrador também declarou que enxerga o terceiro trimestre com "otimismo", pois, segundo ele, "o pior já passou", e o México está se recuperando.
A prova disso é que, em julho, praticamente não houve perdas de empregos formais, afirmou.
Para o economista Raymundo, mestre emérito do Tecnológico de Monterrey (privado), porém, esta é a "pior crise econômica" que o México já enfrentou e levará pelo menos cinco anos para retornar aos níveis anteriores à pandemia.
Esta é a maior queda desde que o INEGI passou a registrar a atividade econômica.
"Por componentes, o PIB das atividades secundárias recuou (-) 23,6%, o das terciárias (-) 14,5%, e o das atividades primárias (-) 2,5% no segundo trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior", acrescenta o comunicado.
O Banco do México (central) antecipa uma queda entre 8,3% e 8,8% para 2020, "devido à profundidade e à duração das consequências" da pandemia da COVID-19, conforme sua estimativa de 27 de maio.
A economia mexicana se encontra estacionada desde o final de março, por causa das restrições impostas pela quarentena, o que aprofundou a crise econômica que o país já vinha arrastando.
Desde junho, algumas atividades foram retomadas, como nas indústrias manufatureira, automotiva e de mineração, enquanto diversos estabelecimentos comerciais, restaurantes e hotéis reabriram com restrições em sua capacidade.
A maioria dos trabalhadores formais segue confinada em suas casas, enquanto o importante setor dedicado à economia informal teve sua renda severamente reduzida.
Com esse novo retrocesso, de acordo com a série sequencial do INEGI e em comparação com o período imediatamente anterior, a economia mexicana já acumula cinco trimestres consecutivos de declínio. Em 2019, o PIB caiu 0,1%.