O presidente americano, Donald Trump, sugeriu nesta quinta-feira (30) a possibilidade de um adiamento sem precedentes das eleições presidenciais nos Estados Unidos, alegando que os mecanismos para votar com segurança em meio à pandemia produzirão eleições fraudulentas.
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Bolsonaro parabeniza EUA por dia da Independência e elogia discurso de TrumpInternautas chamam a atenção: Trump não segue Bolsonaro no TwitterRedes sociais: Governo Bolsonaro quer seguir modelo de TrumpObama sobre eleições nos EUA: 'Há pessoas no poder atacando nossos direitos de voto'"Com a votação universal pelo correio (não a votação em ausência, que é boa), 2020 será a eleição mais IMPRECISA E FRAUDULENTA da história. Será um grande embaraço para os Estados Unidos".
E acrescentou: "Adiar as eleições até que as pessoas possam votar corretamente, de forma adequada e segura???".
Os Estados Unidos nunca adiaram uma eleição presidencial, nem mesmo durante a Guerra de Secessão (1861-1865).
De qualquer forma, é improvável que sejam adiadas desta vez. A Constituição dos EUA é muito clara: apenas o Congresso pode mudar a data das eleições, definida por lei em 3 de novembro, e os democratas da oposição controlam a Câmara dos Deputados.
Vários estados dos EUA querem tornar a votação por correio mais acessível para limitar ao máximo a disseminação do novo coronavírus. Muitos têm permitido esse sistema de votação há anos e não relataram grandes problemas além de incidentes isolados.
Trump, que enfrenta pesquisas muito desfavoráveis, evocou o fantasma da fraude em massa em várias ocasiões nas últimas semanas.
Seus comentários sobre esse assunto levaram o Twitter a relatar pela primeira vez no final de maio que um de seus tuítes era enganador, acrescentando a menção: "Verifique os dados".
No final de abril, seu oponente democrata, Joe Biden, previu que o bilionário faria o possível para adiar a eleição. "Lembrem-se do que eu digo, acho que ele tentará adiar as eleições de uma maneira ou de outra, e encontrará razões pelas quais elas não poderão ser realizadas", afirmou.
Alguns dias depois, Trump, questionado durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca, rejeitou categoricamente essa hipótese.
"Nunca pensei em mudar a data. Por que faria isso?", questionou.
O tuíte presidencial que evocava a possibilidade de adiamento das eleições foi enviado alguns minutos após o anúncio de uma queda histórica no PIB dos EUA no segundo trimestre (-32,9%), como resultado da crise da saúde.
A nova pandemia de coronavírus ainda está fora de controle em algumas regiões do país, incluindo estados com governos republicanos, como Flórida e Texas.
O surto de COVID-19 forçou muitos estados durante os primeiros meses do ano a adiarem as eleições primárias, ou a mantê-las com menos postos de votação.
Os principais programas esportivos foram cancelados, ou reduzidos, e sérias dúvidas permanecem em grande parte do país sobre se escolas e universidades serão reabertas em setembro, após as férias de verão.
- Evidências escassas de fraude -
Com a proximidade das eleições, Trump se opôs radicalmente às tentativas democratas de aumentar a disponibilidade de votação por correio, argumentando que esse método promoverá fraudes eleitorais.
Segundo o presidente, os americanos deveriam fazer filas nos centros de votação, como sempre.
Seus oponentes dizem que não há evidência de fraude significativa nas eleições nos Estados Unidos, e que o que deve ser promovido é um esforço maior para melhorar a logística da já complicada votação por e-mail.
Trump, um magnata que chegou à Casa Branca após uma vitória surpresa sobre a democrata Hillary Clinton em 2016, dedicou grande parte de seu governo a desafiar as normas existentes e é o primeiro presidente da história do país a buscar um segundo mandato depois de passar por um processo de impeachment no Congresso.
As suspeitas sobre suas intenções crescem entre os democratas, na medida em que as pesquisas indicam que ele perderá em vários estados pendulares, nos quais a vitória é determinante para conquistar a presidência.
De acordo com uma média das pesquisas nacionais realizada pelo site RealClearPolitics, por seis semanas Biden esteve à frente de Trump em 8 a 10 pontos percentuais nas intenções de voto.
No clima predominante de incerteza, os temores da pandemia acabaram com as tradicionais campanhas eleitorais americanas.
Trump teve de adiar seus grandes comícios, marcantes em sua campanha anterior, e Biden, seu rival democrata, promove sua eleição de sua casa no estado de Delaware.