O grupo Hezzbollah negou ter qualquer envolvimento com as explosões registradas nesta terça-feira (4/8) em Beirute, no Líbano. As explosões, que ocorreram na área portuária da capital libanesa, deixaram ao menos 73 mortos e cerca de 3.700 feridos, de acordo com o ministro da Saúde, Hamad Hassan, e puderam ser ouvidas em diversos pontos da cidade e até em países vizinhos.
A possibilidade da participação do grupo foi levantada em razão de uma outra explosão, registrada em 14 de fevereiro de 2005, quando uma caminhonete carregada de explosivos atingiu o comboio do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, matando-o com outras 21 pessoas e ferindo mais de 200.
Forte explosão atinge Beirute, capital do Líbano, e causa destruição pic.twitter.com/vX19o1pZPu
%u2014 Estado de Minas (@em_com) August 4, 2020
Assim como nesta terça, a explosão em 2005 causou chamas de vários metros de altura, quebrando as janelas dos prédios em um raio de meio quilômetro.
Na sexta-feira (7/8), o Tribunal Especial do Líbano (STL), com sede na Holanda, deve emitir seu veredicto no julgamento de quatro homens, todos suspeitos de serem membros do Hezbollah, acusado de participar do assassinato de Hariri.
Há uma semana, após meses de relativa calma, Israel disse que frustrou um ataque "terrorista" e abriu fogo contra homens que cruzaram a "Linha Azul" entre o Líbano e Israel.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, atribuiu a infiltração ao Hezbollah, um movimento armado pró-iraniano muito influente no sul do Líbano e que o Estado judeu considera como seu inimigo.
Explosões
Janelas e vitrines de muitos prédios e lojas quebraram nos arredores do local das explosões desta terça. Vídeos postados nas redes sociais mostram uma primeira explosão seguida de uma outra que provoca uma gigantes nuvem de fumaça.
Uma autoridade de segurança local disse que as explosões podem estar ligadas a "materiais explosivos" confiscados e armazenados em um armazém "por anos".
A área portuária foi isolada pelas forças de segurança, que só permitem a passagem de agentes da defesa civil, o balé de ambulâncias com suas sirenes e caminhões de bombeiros.
Nas proximidades do distrito portuário, os danos e a destruição são enormes.
A mídia local transmitiu imagens de pessoas presas em escombros, algumas cobertas de sangue.
"Os prédios estão tremendo", tuitou um morador da cidade, dizendo que "todas as janelas do (seu) apartamento explodiram".
De acordo com os correspondentes da Agência France-Presse (AFP), muitos residentes feridos andam nas ruas em direção a hospitais. No bairro de Achrafieh, os feridos correm para o Hôtel Dieu. Em frente ao centro médico de Clémenceau, dezenas de feridos, incluindo crianças, às vezes cobertas de sangue, esperavam para serem admitidos.
Quase todas as vitrines das lojas dos bairros de Hamra, Badaro e Hazmieh estavam quebradas, assim como os vidros dos carros. Muitos veículos, aliás, foram abandonados nas ruas com os airbags inflados.
Brasil
Ao Correio, Hanna Mtanios, o cônsul honorário do Líbano em Goiás, definiu o momento como de “muitas incertezas". "A insegurança é geral", avalia.
A comunidade libanesa no Brasil é maior que a população do Líbano. Os intensos processos migratórios fixaram de 7 a 11 milhões de libaneses e descendentes no Brasil. Por outro lado, no Líbano, a população é de 6,8 milhões de pessoas. Só no estado de Goiás, o Consulado estima a presença de cerca de 300 mil em diversos municípios do estado, inclusivo no Entorno, além do Distrito Federal. (Com informações da AFP)