Duas fortes explosões sucessivas, nesta terça-feira, 4, na região portuária da capital do Líbano, Beirute, deixou ao menos 73 mortos e 3,7 mil feridos, semeando o pânico e provocando uma imensa coluna de fumaça. Segundo fonte do Ministério da Saúde, o balanço é provisório e pode subir ainda mais, uma vez que os hospitais da capital estão saturados pelo fluxo de feridos.
As explosões, que ocorreram na área portuária e cuja origem ainda não foi determinada, foram ouvidas em vários bairros da cidade e fora dela. No Chipre, uma ilha mediterrânea situada a 180 quilômetros a noroeste de Beirute, os moradores relataram ter ouvido as duas grandes explosões em rápida sucessão. Um morador da capital, Nicósia, disse que sua casa tremia, sacudindo persianas.
O presidente do Líbano, Michel Aoun, convocou uma reunião de emergência do Conselho de Defesa Supremo, de acordo com uma postagem do Twitter oficial da presidência. O primeiro-ministro, Hassan Diab, decretou luto nacional para a quarta-feira. "Uma grande catástrofe atingiu o Líbano hoje", declarou Diab.
Em um duro pronunciamento na TV, Diab disse que aqueles responsáveis pelas explosões "vão pagar o preço". "Eu prometo a vocês que essa catástrofe não ficará sem que seus responsáveis sejam punidos. Eles pagarão o preço", disse Diab.
Segundo a agência de notícias estatal, a fonte da explosão foi um incêndio em um armazém com produtos inflamáveis confiscados nas proximidades do porto, mas as causas não foram ainda esclarecidas. Os primeiros relatos são de que se trata de material como nitrato de amônio.
"Os fatos sobre este armazém perigoso que existe desde 2014 serão anunciados e eu não irei antecipar as investigações", disse o primeiro-ministro.
Hospitais da cidade ficaram lotados e chegaram a recusar feridos por falta de capacidade para atendimento. A Cruz Vermelha libanesa afirmou que qualquer ambulância disponível no norte ou sul do país e em Bekaa seria enviada para Beirute.
Nas redes sociais, moradores relatam que janelas de edifícios e vitrines de lojas estilhaçaram. Conversando com repórteres, o chefe de segurança interna do Líbano, Abbas Ibrahim, se recusou a especular sobre a causa da explosão dizendo "não podemos antecipar as investigações".
Nas proximidades do distrito portuário, os danos e a destruição são enormes. Muitos residentes feridos andavam nas ruas em direção a hospitais e carros foram abandonados nas ruas com os airbags inflados. A mídia local transmitiu imagens de pessoas presas em escombros, algumas cobertas de sangue.
A Casa Branca informou estar acompanhando com muita atenção o desenvolvimento dos fatos ligados à explosão em Beirute. O presidente Donald Trump foi informado e segue de perto os acontecimentos.
Israel e Irã oferecem ajuda
O Irã informou estar pronto para ajudar o Líbano de qualquer maneira necessária, segundo tuíte do ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif. "Nossos pensamentos e orações estão com o grande e resiliente povo do Líbano. Como sempre, o Irã está totalmente preparado para prestar assistência de qualquer maneira necessária. Mantenha-se forte, Líbano", Zarif tuitou.
O ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz, também ofereceu ajuda e assistência humanitária logo em seguida. "Israel abordou o Líbano pelos canais diplomáticos e de segurança internacional e ofereceu assistência médica e humanitária ao governo libanês", informou Gant, em um comunicado conjunto com o ministro das Relações Exteriores, Gabi Ashkenazi.
Há uma semana, após meses de relativa calma, Israel disse que frustrou um ataque "terrorista" e abriu fogo contra homens que cruzaram a "Linha Azul" entre o Líbano e Israel.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, atribuiu a infiltração ao Hezbollah, um movimento armado pró-iraniano muito influente no sul do Líbano e que o Estado judeu considera como seu inimigo. Acusado de "brincar com fogo", o Hezbollah negou qualquer envolvimento.
Crise sem precedentes
O Líbano atravessa sua pior crise econômica em décadas, marcada por depreciação monetária sem precedentes, hiperinflação, demissões em massa e restrições bancárias drásticas, que alimentam há vários meses o descontentamento social.
Na sexta-feira, o Tribunal Especial do Líbano (STL), com sede na Holanda, deve emitir seu veredicto no julgamento de quatro homens, todos suspeitos de serem membros do Hezbollah, acusados de participar do assassinato do ex-primeiro-ministro Rafiq Hariri.
Em 14 de fevereiro de 2005, um atentado com uma caminhonete carregada de explosivos atingiu o comboio de Hariri, matando-o com outras 21 pessoas e ferindo mais de 200. A explosão causou chamas de vários metros de altura, quebrando as janelas dos prédios em um raio de meio quilômetro. (Com agências internacionais)
INTERNACIONAL