As negociações em Washington para um novo plano de ajuda econômica se encontram suspensas, e o presidente Donald Trump está disposto a atuar com uma ordem executiva se persistir o desacordo, com milhões de americanos em risco de ficarem desempregados por causa da pandemia.
Essas ordens executivas "fracas e insuficientes", segundo Chuck Schumer, líder dos democratas do Senado, "não seriam eficazes para as pessoas que todos queremos ajudar".
Republicanos e democratas concordam com a urgência de conceder auxílio financeiro adicional a milhões de americanos que perderam seus empregos e não podem mais pagar aluguel, ou ajudar pequenas empresas que estejam à beira da falência e escolas. Porém, depois de mais de duas semanas de negociações e menos de três meses antes das eleições presidenciais, não se chegou a um acordo.
Os democratas propuseram um pacote de US$ 3 trilhões, em comparação ao US$ 1 trilhão proposto pela Casa Branca. Nancy Pelosi, a líder democrata na Câmara, disse em entrevista coletiva nesta sexta-feira que propôs o valor de US$ 2 trilhões, que o governo Trump rejeitou. "Se pudéssemos fazer isso, poderíamos atender às necessidades do povo americano", afirmou.
As negociações ficaram mais difíceis porque os republicanos, que são maioria no Senado, estão divididos. No caso de fracassarem, Trump quer agir por ordem executiva, sem consulta. Ele poderia assiná-la nesta sexta à noite ou no sábado de manhã.
A "redação jurídica" do texto sobre encargos salariais está "finalizada", garantiu seu assessor econômico, Larry Kudlow, em entrevista à Fox Business, sem especificar quando a ordem será assinada.
- "Perder impulso" -
"Na ausência de apoio orçamentário suplementar, a economia como um todo corre o risco de perder impulso", explicaram em nota analistas da Oxford Economics. Desde março, bilhões de dólares de auxílio permitiram que as empresas continuassem pagando salários e impediram que empresas fechassem as portas.
O gigantesco pacote de ajuda de US$ 2,2 trilhões aprovado no final de março incluiu uma moratória para evitar demissões, e US$ 600 por semana em ajuda aos desempregados. Estas medidas terminaram no final de julho e os desempregados, agora, estão aflitos. Nos Estados Unidos, o seguro-desemprego é pago de três a seis meses no máximo, dependendo do estado, e varia de US$ 235 a US$ 823 por semana.
- Desemprego em baixa -
A taxa de desemprego nos Estados Unidos continuou a diminuir em julho, apesar de menos empregos terem sido criados do que em junho, devido ao ressurgimento de casos da COVID-19.
A taxa de desemprego passou de 11,1% em junho para 10,2% em julho. Já está longe dos 14,7% em abril, mas ainda bem acima dos 3,5% em fevereiro, a menor dos últimos 50 anos.
As demissões em março e abril foram tão massiças que os empregos criados desde maio não foram suficientes para trazer dezenas de milhões de americanos de volta ao mercado de trabalho. "Não deveria ter sido tão ruim, mas Donald Trump falhou. Ele é que deveria perder o emprego", argumentou Joe Biden, seu rival democrata na disputa eleitoral, no Twitter.