O Conselho de Segurança da ONU pediu nesta quarta-feira (19) que os militares amotinados no Mali libertem imediatamente o presidente e outros funcionários do país e retornem "a seus quartéis sem demora".
Em uma reunião de emergência a portas fechadas, os 15 países-membros do Conselho também "destacaram a necessidade urgente de restaurar a lei e avançar no retorno da ordem constitucional", após um motim contra o presidente Ibrahim Boubacar Keita, informou a ONU em um comunicado.
O Conselho somou-se, assim, à condenação internacional unânime e o secretário-geral da ONU, António Guterres, exigiu a "libertação imediata e sem condições" de Keita, que foi preso na terça-feira pelos rebeldes.
Deposto por um golpe de Estado militar e detido com outros membros de seu governo, o presidente anunciou sua renúncia forçada pela televisão.
A reunião do Conselho de Segurança, convocada pela França e pelo Níger, foi celebrada antes que o Assimi Goita se declarasse chefe da junta militar no Mali nesta quarta.
"Me apresento: sou o coronel Assimi Goita, presidente do Comitê Nacional para a Salvação do Povo (CNSP)", declarou à imprensa em Bamako.
"O Mali se encontra em uma situação de crise sociopolítica, de segurança. Não podemos mais cometer erros. Com a intervenção de ontem, o que fizemos foi pôr o país acima de tudo, o Mali diante de tudo", assegurou, cercado de militares armados.
O coronel Goita apareceu diante das câmeras na madrugada de terça para quarta-feira, quando um grupo de militares anunciou a criação deste comitê, que resultou na demissão do presidente Keita, embora não tenha tomado a palavra.
Seu encontro com a imprensa, nesta quarta, ocorreu após uma reunião com altos funcionários na sede do ministério da Defesa.
"Era meu dever me reunir com os diferentes secretários-gerais para que possamos garantir-lhes nosso apoio em relação à continuidade dos serviços do Estado", explicou.
"Após os acontecimentos de ontem, que desembocaram em uma mudança de poder, era nosso dever divulgar nossa posição a estes secretários-gerais para que possam trabalhar", acrescentou.
Anteriormente, um porta-voz do CNSP, o coronel Ismael Wagué, tinha pedido à população que retomasse "suas atividades" e que cessasse o "vandalismo" nas ruas.
O Comitê Nacional de Salvação do Povo (CNSP) "insiste" no fato de que o golpe causou "zero mortes", disse à imprensa o porta-voz da Junta, coronel Ismael Wagué, "contrariando algumas alegações de quatro mortos e 10 feridos".
Os funcionários públicos também estão "convidados" a retornar aos seus postos de trabalho, acrescentou.
"O comitê tomará todas as medidas necessárias para impor uma disciplina militar rígida se alguém uniformizado for pego extorquindo civis", advertiu o porta-voz.
Durante os protestos após o golpe militar, os manifestantes atearam fogo nos escritórios de um advogado que representava o ex-ministro da Justiça, Kassim Tapo.