O vice-presidente Hamilton Mourão desafiou o ator americano Leonardo DiCaprio a fazer uma travessia de pelo menos "oito horas" na Amazônia para "entender melhor como as coisas funcionam", depois que o astro de Hollywood expressou preocupação com o avanço dos incêndios na região.
"Eu gostaria de convidar o nosso mais recente crítico, o ator Leonardo DiCaprio, para ir comigo a São Gabriel da Cachoeira e nós fazermos uma marcha de 8 horas pela selva, entre o aeroporto de São Gabriel e a estrada de Cucuí. Ele vai aprender, em cada socavão que tiver que passar, que a Amazônia não é uma planície e aí entenderá melhor como funcionam as coisas nesta imensa região", disse Mourão em evento organizado nesta quarta-feira (19) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para discutir o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Na sexta-feira, Leonardo DiCaprio compartilhou uma notícia em seu Instagram sobre o avanço dos incêndios na Amazônia brasileira.
"O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, está sob pressão internacional para conter os incêndios, mas ele já duvidou publicamente da gravidade deles, alegando que opositores e comunidades indígenas foram os responsáveis", escreveu DiCaprio, também conhecido por seu trabalho a favor do meio ambiente.
As queimadas foram proibidas em julho por 120 dias pelo governo de Jair Bolsonaro, após a crise internacional provocada no ano passado por sua multiplicação nesta floresta vital para o equilíbrio do clima.
Agosto e setembro serão decisivos para saber se a ordem foi seguida e se a tendência foi revertida, como afirma o governo.
Em julho, o desmatamento caiu 36% em relação ao nível recorde de julho de 2019, mas no período de agosto de 2019 a julho de 2020 (ano de referência no calendário do desmatamento), a extração atingiu 9.205 km2, o que corresponde a 34,5% a mais que nos doze meses anteriores.
Nesta quarta-feira, Mourão, também presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, insistiu em que a floresta não está pegando fogo.
"Onde ocorre queimada na Amazônia é naquela área humanizada, a floresta não está queimando. E no entanto a imagem que é passada para o resto do Brasil e para comunidade internacional é que tem fogo na floresta", disse o general da reserva.
DiCaprio expressou preocupação com o fato de os incêndios "não estarem recebendo atenção suficiente" no Brasil, um dos países mais afetados pela pandemia do novo coronavírus.
Em agosto, uma equipe da AFP percorreu milhares de quilômetros de estradas de terra entre o norte do Mato Grosso e o sul do Pará, cruzando vastas fazendas de gado e restos de árvores queimadas. Também foi possível ver grandes áreas recentemente desmatadas, prontas para serem incendiadas.
As ONGs atribuem o aumento do desmatamento em grande parte ao desmonte de órgãos de controle, como o Ibama e o ICMBIO.