Jornal Estado de Minas

A colheita de Champagne em tempos de COVID-19

Mascarados caminham pelos vinhedos de Champagne onde a colheita começou nesta segunda-feira (24). Em Avenay-Val-d'Or (departamento de Marne, norte), Marc Augustin não quer "tornar a COVID-19 um fator restritivo", embora aplique as "regras básicas de higiene".





"Recomendamos o uso de máscaras em todos os caminhos e há alcóol em gel por todo lado", seguindo assim as recomendações do Sindicato Geral dos Viticultores no seu protocolo especial de saúde na colheita.

Outras regras também foram impostas. "Cada colhetor usa a mesma tesoura de poda e o mesmo balde durante toda a colheita", continua o vinicultor, que explora dez hectares em Avenay-Val-d'Or e Vertus.

"Cada um veio em seu carro e o guarda durante a colheita", diz Augustin. "Eliminamos o 'lanche' das 10h00 e substituímos por refeições prontas e individuais".

Na entrada do refeitório, desinfetado com ozônio igual o resto da fazenda, está um lembrete dos gestos de barreira e um frasco de álcool em gel, o qual servirá cerca de quarenta pessoas, viticultores, estivadores e trabalhadores dos vinhedos, até o final de agosto.

No primeiro dia da colheita, a variedade das normas sanitárias não parece pesar no ânimo dos trinta viticultores empregados este ano por Augustin.

Chegando de Epernay, a poucos quilômetros de distância, Romane e Lola sorriem e afirmam, entre dois cortes de tesouras, o prazer de desfrutar uma colheita.





Algumas fileiras de vinhedos depois, Alan e seu grupo de Bolougne-sur-Mer (Pas-de-Calais) se reúnem, alguns agachados, outros ajoelhados, trocando piadas de adolescentes. O bom humor reina. As dores são para amanhã.

- Apenas franceses -

"Normalmente, emprego cerca de cinquenta viticultores por ano", afirma Marc Augustin. Entretanto, devido à crise econômica, o Comitê de Champagne decidiu limitar o rendimento por hectare a 8.000 kg, contra 10.200 kg em 2019, o que automaticamente reduziu o número de empregados.

Também foi notada uma queda nas inscrições das candidaturas, principalmente por trabalhadores do Leste Europeu. "Este ano, há apenas franceses. Eles vem de Champagne, Hauts-de-France, Commercy, Anjou", todos lugares relativamente perto, afirma.

Para ele, a pandemia por si só não explica o caráter "extraordinário" desta safra de 2020 em Champagne. Sua preciosidade parece excepcional.

"Começou mais cedo, muito mais cedo do que antes. Em 52 anos, vi o avanço da colheita de setembro a agosto. Aqui, em nossas vinhas Avenay-Val-d'Or y Vertus, esta é a oitava colheita desde 2000 que começa em agosto", explica. "E talvez terminemos antes de 1º de setembro!".

Em todo caso, a qualidade é sempre propensa à consulta. "Pode ser muito, muito bom", diz feliz, mas sem ceder à tentação do seu entusiasmo.

O serviço técnico do Comitê de Champagne é ainda mais positivo. Em um recente comunicado à imprensa, ele observou que "2020 tem semelhanças fantásticas com as maravilhosas colheitas de 2019." Algo suficiente para esquecer um pouco da COVID-19.