Embora alguns países tenham aplaudido a decisão dos Emirados Árabes Unidos de normalizar suas relações com Israel, outros a rejeitaram ou hesitaram, como o Sudão, que nesta terça-feira (25) descartou a ação ousada.
O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, de visita a Israel na segunda-feira, se declarou otimista diante da ideia de ver "outros países árabes" normalizarem suas relações com Israel.
Segundo analistas, Bahrein pode seguir os passos dos Emirados, que se tornaram o terceiro país árabe, depois do Egito e Jordânia, a ter relações oficiais com Israel.
A Arábia Saudita, peso pesado da região, disse que aderiu ao plano de paz árabe de 2002, que condiciona as relações com Israel à retirada dos territórios árabes ocupados em 1967.
- Sudão -
Nesta terça-feira, Pompeo visitou Cartum, onde o governo de transição do Sudão lhe explicou que não tem o poder para normalizar relações com Israel e que essa decisão deve esperar até o fim da transição, previsto para 2022.
O Sudão foi alvo de sanções americanas na década de 1990, acusado de ser um Estado que apoia ações terroristas no mundo.
Após a queda do ditador Omar al-Bashir sob pressão do protesto popular, os EUA apoiaram as novas autoridades encarregadas de um governo de transição e reenviou seu embaixador para Cartum em janeiro.
Eliminar o Sudão da lista negativa dos Estados Unidos é fundamental para retomar sua economia em crise. As sanções bloqueiam qualquer investimento neste país.
- Bahrein -
Bahrein foi o primeiro país do Golfo que celebrou o acordo entre Emirados e Israel, anunciado em 13 de agosto. Os contatos deste país com Israel remontam aos anos 1990.
Bahrein e Israel compartilham da mesma hostilidade em relação ao Irã.
Aliado próximo da Arábia Saudita, Bahrein poderia desempenhar um papel importante no caso de normalização entre Riad e Israel, estima Andreas Krieg do King's College London.
- Omã -
Omã é o segundo país do Golfo que aplaudiu o acordo entre Israel e Emirados, mas quatro dias depois garantiu seu compromisso com os direitos dos palestinos em um "Estado com Jerusalém leste como capital".
Com relações próximas tanto dos Estados Unidos quanto do Irã, Omã se mostra neutro e mediador nos conflitos regionais.
- Catar -
Na contra mão de seus aliados turco e iraniano, Catar, que não mantém relações diplomáticas com Emirados, não reagiu ao acordo.
O Catar hospedou um escritório comercial israelense de 1996 a 2000 e não esconde seus contatos com Israel.
Está envolvido na Faixa de Gaza devido à sua proximidade com o Hamas, que controla o território palestino sob bloqueio israelense.
Em 2019, Catar, ONU e Egito favoreceram uma trégua entre Israel e Hamas, que prevê a autorização por Israel da entrada de ajuda financeira do Catar ao enclave.
- Kuwait -
Aliado dos Estados Unidos, o Kuwait sempre rejeitou a normalização. Mas o acordo entre Emirados e Israel abriu a brecha no debate político sobre o assunto.
No entanto, a normalização com Israel é pouco provável, já que o Parlamento "capitalizou a hostilidade contra Israel para reivindicar seu lugar como porta-voz do povo".