A dirigente María Corina Machado, representante da ala mais radical da oposição venezuelana, recusou-se neste sábado (29) a se unir ao pacto unitário do líder parlamentar, Juan Guaidó, com vistas às eleições legislativas de dezembro, boicotadas pela oposição.
"À pergunta de se conseguimos uma articulação, a resposta é não", expressou, taxativa, María Corina Machado, em um vídeo divulgado em sua conta no Twitter, após uma conversa franca com Guaidó, reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por meia centena de países, liderados pelos Estados Unidos.
Guaidó convocou em 19 de agosto dirigentes e organizações a assinarem um pacto unitário para "rejeitar a fraude parlamentar", referindo-se às eleições para o Parlamento (unicameral), convocadas para 6 de dezembro, que serão boicotadas pelo grosso da oposição por considerá-las uma fraude.
Isto depois de a Justiça venezuelana nomear novas autoridades eleitorais, um poder que recai no Legislativo, único poder nas mãos da oposição.
Machado se opôs ao "mecanismo" de "participação maciça cidadã", também apresentado por Guaidó, que não deu detalhes a respeito, como parte de sua proposta, que também inclui uma "agenda de mobilização" que não explicou.
"O país tem muito claro que enfrentamos um regime criminoso, já não há mais nada a consultar. O país tem muito claro que estes criminosos não saem com votos", continuou a ex-deputada, que está proibida de deixar a Venezuela.
A dirigente lidera uma minoria no Parlamento, que representa uma das alas mais radicais dos adversários do presidente socialista, Nicolás Maduro.
Em julho de 2017, a oposição convocou um plebiscito simbólico em repúdio à Assembleia Constituinte, que rege o país com poderes absolutos e assumiu as funções do Parlamento após declará-lo em desacato.
Dirigentes opositores ligados a Guaidó aderiram imediatamente ao pacto. O ex-candidato presidencial da oposição Henrique Capriles afirmou que um "evento eleitoral sempre pode se tornar um fato mobilizador", pois o "dilema é lutar ou não" contra Maduro.
Da presidência do Parlamento, Guaidó reivindicou em janeiro de 2019 a presidência interina, depois que a maioria opositora da Câmara declarou Maduro um "usurpador", acusando-o de ter sido reeleito de forma fraudulenta em 2018.
Desde então, o opositor tem tentado sem sucesso remover o presidente e instalar um governo de transição, que convoque eleições.