O presidente Michel Aoun afirmou, neste domingo (30), que "chegou a hora" de declarar o Líbano como um "Estado laico", durante um discurso por ocasião do centenário do país.
"Peço a proclamação do Líbano como um Estado laico", disse Aoun no discurso, no qual apontou que o país precisa "mudar o sistema", após a enorme explosão no porto de Beirute no início de agosto e de meses de profunda crise econômica.
Aoun fez este apelo ao assegurar que está "convencido" de que "só um Estado laico é capaz de proteger o pluralismo, preservá-lo, transformando-o em unidade verdadeira".
O presidente libanês fez estas declarações às vésperas de uma visita de seu contraparte francês, Emmanuel Macron, que já tinha se declarado favorável a profundas reformas no país do Oriente Médio, ao visitar Beirute pouco após a mortal explosão ocorrida no porto da cidade em 4 de agosto.
O líder do movimento xiita Hezbollah, Hassan Nasrallah, também afirmou neste domingo que está disposto a discutir um novo "pacto político" no Líbano, onde as comunidades religiosas compartilham o poder em um sistema complexo.
Aoun havia ignorado até agora as reivindicações do movimento de contestação libanês, que surgiu em outubro de 2019.
Mas na noite deste domingo, comprometeu-se a "pedir um diálogo entre as autoridades religiosas e os dirigentes políticos para encontrar uma fórmula aceitável para todos", que provavelmente implicaria uma reforma constitucional.
Macron criticou na sexta-fira "os limites de um sistema confessional", que levou o Líbano a "uma situação em que praticamente não há regeneração (política) e na qual é quase impossível aplicar reformas".
Após a explosão devastadora no porto de Beirute, que deixou pelo menos 188 mortos, a comunidade internacional aumentou a pressão sobre os dirigentes libaneses para que impulsionem uma ambiciosa reforma em um país que atravessa uma profunda crise política, econômica e social.
Mais da metade da população do Líbano pode ter dificuldades para conseguir comida devido ao agravamento da crise econômica no país e à destruição de grande parte da infraestrutura portuária da capital, advertiu a ONU neste domingo.