O governo dos Emirados Árabes Unidos "traiu o mundo muçulmano" ao normalizar as relações com Israel, afirmou nesta terça-feira o guia supremo do Irã, Ali Khamenei, em sua conta no Twitter.
Em sua primeira reação ao acordo diplomático histórico entre o Estado hebreu e um novo Estado árabe, depois do Egito e da Jordânia, o aiatolá Khamenei acusa Abu Dhabi de ter "traído as nações árabes, os países da região e a #Palestina".
"Evidentemente, esta traição não vai durar muito e a marca da infâmia permanecerá neles", completou o líder iraniano, que afirmou esperar que os "Emirados acordem em breve e ofereçam uma compensação pelo que fizeram".
A publicação das mensagens acontece um dia depois do primeiro voo comercial direto entre Emirados Árabes Unidos e Israel, que provocou outro fato inédito: a autorização saudita para o avião da companhia israelense sobrevoar seu território, embora Riad não tenha relações com o Estado hebreu.
Emirados Árabes Unidos e Israel anunciaram em 13 de agosto um acordo para normalizar as relações - oficiosas há vários anos. O país é a primeira nação do Golfo a estabelecer relações com o Estado hebreu, o terceiro do mundo árabe, depois do Egito em 1979 e da Jordânia em 1994.
Para a República Islâmica do Irã, Israel é o "grande satã", assim como os Estados Unidos, e o apoio o demonstrado à causa palestina é uma constante da política externa iraniana desde a revolução de 1979.
Em 14 de agosto, o ministério iraniano das Relações Exteriores chamou o acordo entre Israel e EAU de "estupidez estratégica de Abu Dhabi e de Tel Aviv que reforçará, sem nenhuma dúvida, o eixo da resistência".
O Irã mantém relações tensas há vários anos com os Emirados, um de seus vizinhos na margem sul do Golfo que acusa de alinhamento com a Arábia Saudita, grande rival regional da República Islâmica.