O médico francês Didier Raoult, cuja defesa da hidroxicloroquina para tratar a covid-19 o tornou mundialmente conhecido, foi denunciado pela Sociedade de Patologia Infecciosa de Língua Francesa (SPILF), que o acusa de uma promoção indevida do medicamento.
Enquanto a ciência não demonstrou os efeitos potencialmente benéficos da hidroxicloroquina contra a covid-19, alguns países e líderes mundiais, como o presidente Jair Bolsonaro, promovem abertamente seu uso.
"Confirmamos que houve uma denúncia ao conselho departamental das Bocas do Ródano do Colégio de Médicos, mas a SPILF não quer se manifestar sobre o assunto enquanto durar o caso", disse uma porta-voz da Sociedade nesta quinta-feira (3).
Segundo o jornal Le Figaro, a SPILF critica o doutor Raoult por promover a hidroxicloroquina "sem que a ciência tenha estabelecido claramente nenhum dado preciso a respeito, o que supõe uma infração das recomendações das autoridades de saúde".
"Nos perguntamos se sua postura tão contundente (...) não contribuiu para prejudicar a mensagem de prevenção na saúde pública" durante a epidemia de covid-19, segundo a denúncia feita em julho e citada pelo jornal.
Contatado pela AFP, o Instituto Mediterrâneo de Infecções de Marselha (sudeste), dirigido por Raoult, não reagiu imediatamente.
A denúncia será primeiramente alvo de uma tentativa de conciliação. Se falhar, será julgada em uma câmara disciplinar e o caso pode durar meses.