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Estado de Minas

Países nórdicos limitam danos econômicos da covid-19 com ajuda do Estado


04/09/2020 08:25

Se a covid-19 desferiu um duro golpe na maioria das economias europeias no segundo trimestre, os países nórdicos conseguiram limitar os danos, especialmente graças a seu modelo de Estado de Bem-Estar.

Markus Larsson confirma: "Teríamos tido de demitir mais de 20 pessoas, talvez", sem a ajuda do governo.

Liderando uma rede de padarias e de confeitarias na região de Linkoping, no sul da Suécia, este empresário agradece ao setor público por ajudá-lo a se manter respirando.

O desemprego parcial assumido pelo Estado, bem como a redução dos aluguéis e dos encargos sociais, permitiu-lhe limitar o número de demissões durante a crise da saúde para cerca de 20 pessoas de um quadro de 100 funcionários.

A Suécia ganhou as manchetes ao se recusar, ao contrário de outros países, a confinar sua população, ao preço de uma mortalidade muito maior do que seus vizinhos nórdicos.

Na área econômica, o governo anunciou medidas de apoio às empresas até 28 bilhões de euros (cerca de US$ 33 bilhões) em meados de março.

Na Suécia, como em outros países nórdicos, "a resposta política para neutralizar os efeitos econômicos da pandemia foi rápida, importante e bem concebida", disse à AFP Robert Bergqvist, analista do banco SEB.

Já Noruega, Finlândia e Dinamarca adotaram regimes de semiconfinamento. Embora as escolas tenham fechado, lojas e outros negócios em geral permaneceram abertos.

Na Finlândia, "conseguimos controlar o vírus rapidamente com um confinamento relativamente modesto, sem ter que fechar toda economia, ou todas as lojas, ou fábricas", comenta o economista Jukka Appelqvist, do Danske Bank.

Como em outras partes do mundo, os governos nórdicos abriram a carteira, facilitaram o desemprego parcial e aceitaram o adiamento dos tributos. A receita parece ter funcionado melhor nesta parte da Europa.

- Fator confiança -

Se Noruega, Finlândia, Suécia e Dinamarca registraram contrações econômicas no segundo trimestre muitas vezes descritas como "históricas", a queda observada por seus institutos nacionais de estatística se manteve entre -6,3 e -8,2% interanual.

Em comparação, a zona do euro - da qual apenas a Finlândia faz parte - viu seu PIB despencar 15% ano a ano, principalmente como resultado do colapso na França, Itália e Espanha.

Por que tanta diferença?

Um Estado de Bem-Estar forte, finanças públicas sólidas, um alto grau de digitalização que facilita o trabalho remoto e uma grande proporção de empregos no setor público são alguns dos atributos que permitiram aos países nórdicos, com baixa densidade populacional, limitar os danos, segundo economistas.

Tranquilizados pela rede de contenção existente já antes da crise, ou por alguma segurança no emprego, as famílias mantiveram a confiança e continuaram a consumir.

"A população dos países nórdicos nunca teve a sensação de que corria o risco de acabar em uma situação financeira catastrófica", disse o economista-chefe do DNB Markets, Kjersti Haugland.

"O medo não assumiu o comando", completou.

Os noruegueses aproveitaram o tempo livre gerado pelo desemprego técnico e pelo semiconfinamento, por exemplo, para consertar suas casas e manter a forma.

No auge da crise de saúde, as vendas de materiais de construção, bicicletas, equipamentos para caminhadas e outros produtos esportivos dispararam.

- Turismo, recurso mínimo -

Outra variável, o turismo, um dos setores mais afetados pela crise em todo mundo, tem importância relativamente modesta na região.

A única exceção é a Islândia, "uma economia muito pequena com números trimestrais voláteis", diz Andreas Wallstrom, economista do Swedbank.

Com queda de 9,3%, segundo os últimos dados do instituto nacional de estatística, a queda trimestral do PIB foi a mais significativa.

"Poucos países são tão dependentes do turismo quanto a Islândia", disse Erna Bjorg Sverrisdóttir, economista-chefe do Arion Banki.

O colapso do setor, que representou 8% da economia islandesa em 2019, pode deixar marcas: para este ano, é esperada uma queda de 8,4% do PIB.

Isso é muito mais do que a queda esperada para a região nórdica como um todo, entre -3,5% e -5%, segundo economistas consultados pela AFP. Mas representa metade do que se espera da perda para a zona do euro.


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