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Estado de Minas COVID-19

Sem citar óbitos, Itamaraty diz na ONU que pandemia desacelera no Brasil

A exemplo da fala do próprio presidente Jair Bolsonaro no dia 11, o ministério afirmou que o Brasil está praticamente vencendo a pandemia de COVID-19


14/09/2020 17:39 - atualizado 14/09/2020 18:09

Governo federal disse na ONU que tem garantido o acesso à saúde para 211 milhões de pessoas durante a pandemia do novo coronavírus(foto: Geovana Albuquerque/Agência Saúde)
Governo federal disse na ONU que tem garantido o acesso à saúde para 211 milhões de pessoas durante a pandemia do novo coronavírus (foto: Geovana Albuquerque/Agência Saúde)
Durante o primeiro dia do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta segunda-feira (14), o Itamaraty usou seu tempo de discurso para elencar ações econômicas do Brasil em meio à pandemia de COVID-19, pontuando que o governo federal tem garantido o acesso à saúde para 211 milhões de pessoas e que os pacotes emergenciais oferecidos já chegaram ao custo de US$ 106 bilhões. A informação é do colunista Jamil Chade, do portal UOL.

Ainda segundo a publicação, o representante brasileiro enviado destacou a queda no número de novos casos de COVID-19 e omitiu o fato de o Brasil ser um dos líderes mundiais em termos de mortes.

A exemplo da fala do próprio presidente Jair Bolsonaro no último dia 11, o Itamaraty concluiu afirmando que o Brasil está praticamente vencendo a pandemia.

Bolsonaro na ONU

A ONU dará início nesta terça-feira (15) à 75ª sessão da Assembleia Geral entre presidentes e chefes de Estado, e a tendência é de um ambiente hostil para o presidente brasileiro.

A forma como Bolsonaro se portou diante da crise de saúde, minimizando a importância das recomendações de autoridades sanitárias para conter a proliferação do vírus — como a utilização de máscaras faciais e o distanciamento social — influenciou um documento produzido pelo relator especial da ONU sobre direitos humanos e substâncias e resíduos tóxicos, Baskut Tuncak, que deve ser apresentado no decorrer das duas semanas de duração do evento.

Apesar de não citar o nome do presidente do Brasil, o texto condena que alguns líderes políticos “chegaram ao ponto de tratar o vírus como uma gripezinha” e critica que eles “rejeitaram publicamente recomendações de cientistas e da OMS (Organização Mundial da Saúde), espalharam informações errôneas e minimizaram o risco, contribuindo para a subestimação da pandemia”.

A previsão é de que Bolsonaro discurse no dia 22, uma semana após a solenidade de abertura do evento. Como manda o costume, o mandatário brasileiro vai abrir os discursos entre as autoridades internacionais.

Por conta da pandemia, o chefe do Palácio do Planalto e outros presidentes vão participar do evento deste ano de forma virtual, e não na sede da ONU, em Nova York.

O argumento do chefe do Executivo será o de que o governo federal criou uma grande camada de proteção social com o auxílio emergencial, que na visão do Planalto impediu a economia nacional de ser ainda mais fragilizada por conta da pandemia do novo coronavírus.

Outra parte do discurso de Bolsonaro vai focar na resposta às críticas que o governo tem sofrido por conta dos índices de queimadas na Floresta Amazônica.

Segundo informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do início de 2020 até 10 de setembro, foram mapeados 57.823 focos de incêndio na região, 6% a mais do que o registrado no mesmo intervalo de 2019 (54.278).

A estatística é a maior para o período desde 2010.

Militares na política brasileira

Em fala nesta segunda-feira (14), a alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, apontou o crescente envolvimento da ala militar em assuntos públicos no Brasil.

Ela ainda denunciou os ataques contra ativistas e jornalistas no país, e o desmonte de ONGs na formulação de políticas públicas.

“No Brasil, estamos recebendo relatos de violência rural e despejos de comunidades sem-terra, bem como ataques a defensores dos direitos humanos e jornalistas, com pelo menos 10 assassinatos de defensores dos direitos humanos confirmados este ano", declarou.


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