Deveria ficar na lembrança como uma celebração de amor em pleno verão na pitoresca cidadezinha de Millinocket, Maine. Mas a festa de casamento terminou com sete mortes e pelo menos 177 pessoas infectadas pelo coronavírus.
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Dez dias depois, 24 pessoas ligadas ao casamento testaram positivo para a COVID-19, e o Maine Center for Disease Control abriu uma investigação.
O diretor do Centro, Nirav Shah, informou na quinta-feira em uma coletiva de imprensa que, como resultado do casamento, havia pelo menos 177 pessoas infectadas. Sete morreram, embora "nenhuma vítima fatal tenha estado presente na festa".
Os "detetives" que tentam encontrar todas as pessoas que entraram em contato com os infectados vincularam o casamento a vários focos do vírus em todo o estado do Maine, na fronteira com o Canadá.
Um total de 39 casos e seis mortes ocorreram em um lar de idosos a 160 km de Millinocket, mais de 80 casos foram identificados em uma prisão a 370 km do local do casamento - um dos guardas compareceu ao casamento - e há 10 casos prováveis em uma igreja batista na mesma região.
Para Maine, que inicialmente adotou regras muito rígidas de confinamento e distanciamento social, mas depois as relaxou devido ao seu índice de infecção muito baixo, o que aconteceu foi um lembrete de que não se deve baixar a guarda contra o vírus.
"Quando descobrimos o que aconteceu, todos voltaram para a quarentena (...) Tudo fechou na cidade", disse Cody McEwen, presidente da Câmara Municipal, à AFP.
Imprudência
Alguns moradores da cidade estão furiosos com os organizadores do casamento, a começar pelo salão onde foi realizado, e cuja licença foi temporariamente suspensa.
"Não deveriam ter organizado aquele casamento. Deveriam ter limitado a 50 pessoas", lamentou Nina Obrikis, um membro da Igreja Batista local. "Agora não podemos ir a lugar nenhum, não podemos fazer nada".
A governadora do Maine, Janet Mills, emitiu um alerta na quinta-feira para 1,3 milhão de residentes deste pequeno estado altamente rural, cuja taxa de contágio é de 0,6%.
Este aumento de casos "ameaça arruinar o progresso feito" em face da pandemia, afirmou. "Não estamos do outro lado do túnel da covid-19, o vírus está em nossos jardins", enfatizou.
Desde o início da pandemia, uma série de eventos foi relacionada a um número exponencial de casos. Os primeiros nos Estados Unidos estavam ligados uma conferência de biotecnologia em Boston em fevereiro, onde cerca de 175 pessoas participaram, e a um enterro na Geórgia, onde mais de 100 pessoas foram infectadas com o vírus.
Nas últimas semanas, ocorreram vários surtos, principalmente em campi universitários, como resultado de festas. Algumas faculdades tiveram que fechar suas portas e mandar os alunos para casa.
Na Universidade Oneonta, no interior do estado de Nova York, mais de 670 casos foram detectados em um mês.