O cardeal australiano George Pell volta a Roma, nesta terça-feira (29), pela primeira vez desde que foi absolvido das acusações de abuso sexual de menores e poucos dias após a queda de um de seus rivais no Vaticano.
Pell, de 79 anos, um ex-tesoureiro que foi contratado pelo papa Francisco para limpar as finanças do Vaticano, passou mais de um ano na prisão até ser absolvido e solto pelo Supremo Tribunal australiano em abril passado.
Ele não ia a Roma desde que deixou o Vaticano, em meados de 2017, para enfrentar as acusações de assédio sexual contra dois coroinhas no final dos anos 1990. O objetivo da viagem não foi divulgado.
Uma amiga de Pell, Katrina Lee, assessora executiva da Arquidiocese Católica de Sydney, disse à AFP que ele viaja para a capital italiana nesta terça "em caráter particular".
"Ele sempre disse que voltaria a Roma em algum momento", afirmou.
Ao ser questionada sobre se ela sabia o motivo de sua viagem, Lee disse "não inteiramente, mas se soubesse, não teria a liberdade de dizer isso".
O retorno de Pell ocorre menos de uma semana após a queda do influente cardeal italiano Angelo Becciu, pressionado a renunciar na quinta-feira passada, após acusações de malversação e de nepotismo.
Becciu, de 72, e outras seis pessoas podem ser julgadas no Vaticano por acusações de corrupção, de acordo com o jornal "La Repubblica".
Pell, que vive em um seminário de Sydney desde sua libertação da prisão, foi rápido em dar uma declaração agradecendo e parabenizando o papa, após a renúncia forçada de Becciu.
O papa Francisco nomeou Pell em 2014 para o Secretariado da Economia do Vaticano para combater a corrupção, mas não foi bem recebido por todos.
"Nos meses que antecederam sua partida (...) Pell teve um forte embate com Becciu. O cerne da questão eram duas visões diferentes de como o dinheiro da igreja deveria ser administrado", disse a especialista do Jornal "Il Messaggero", Franca Giansoldati.