O ex-magnata da indústria automobilística Carlos Ghosn, que se estabeleceu no Líbano depois de sua fuga do Japão, fez sua primeira aparição pública em vários meses nesta terça-feira(29), lançando uma parceria com uma universidade local para desenvolver programas de treinamento.
O ex-CEO da Renault-Nissan chegou a Beirute em dezembro fugindo das acusações de peculato financeiro no Japão, onde foi detido por 130 dias.
Em janeiro, já no Líbano, ele concedeu uma coletiva de imprensa para denunciar um "golpe orquestrado" contra ele, mas desde então tem se mantido discreto.
Ghosn esteve na Universidade do Espírito Santo em Kaslik (USEK), ao norte de Beirute, nesta terça-feira para apresentar uma parceria com o estabelecimento de ensino superior.
Ele se recusou a responder a perguntas relacionadas a seus problemas legais ou ao processo no Japão de seu ex-colaborador na Nissan, o americano Greg Kelly.
"Não vou desviar esta conferência de seu objetivo e este é o USEK", repetiu Ghosn, que exibia um rosto bronzeado.
Ele mencionou três programas de treinamento que desenvolverá em colaboração com USEK. O primeiro, supostamente "o melhor do Líbano e também da região", é destinado a empresários.
O segundo diz respeito a um centro de formação em novas tecnologias e o terceiro dará apoio a startups e empresários.
Os participantes dos programas serão nomeados para uma sessão de aconselhamento individual com Ghosn e receberão no final do curso um certificado assinado pelo empresário e pela USEK.
"Queremos mostrar ... que somos empresários formidáveis, principalmente neste momento em que o país realmente precisa", explicou Ghosn.
Um de seus objetivos é "servir ao país e à sociedade", acrescentou. Há um ano, o Líbano está mergulhado em um colapso econômico.
A libra libanesa passou por uma desvalorização sem precedentes, com demissões em massa e cortes de salários em todo o país. Mais da metade dos libaneses vive atualmente abaixo da linha da pobreza, de acordo com estatísticas oficiais.