O Canal do Panamá bateu seu recorde de trânsito de carga no ano fiscal de 2020, com o transporte de 475 milhões de toneladas por suas águas, apesar da pandemia e da guerra comercial entre Estados Unidos e China, informou nesta segunda-feira (5) uma fonte oficial.
De 1º de outubro de 2019 a 30 de setembro de 2020 cruzaram a via 475,1 milhões de toneladas, anunciou a Autoridade do Canal do Panamá (ACP).
Este valor é 1% superior ao antigo recorde, estabelecido no ano fiscal anterior, quando 469 milhões de toneladas foram transportadas pelo canal.
Contudo, a ACP reconheceu que a nova marca é 4% inferior à meta inicialmente projetada.
Cruzaram a via panamenha 13.369 embarcações, um número levemente abaixo do ano anterior e 2% menor que o previsto.
"O ano fiscal de 2020 ficou marcado pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, o endurecimento das políticas ambientais na indústria marítima e, claro, pela pandemia, que continua impactando a economia mundial", analisou a ACP em comunicado.
Pelo canal de 80 km passam 3,5% do comércio mundial, de acordo com a ACP. Os principais usuários da via são Estados Unidos, China e Japão, e suas rotas vão da Ásia à costa leste norte-americana.
Os navios porta-contêineres seguem como o seguimento de maior relevância, representando 166,3 milhões de toneladas, 35% do total de cargas que cruzam o canal.
A autoridade do canal destacou que o ano fiscal recém-concluído "apresentou dois cenários distintos" devido à pandemia.
Por um lado, um primeiro semestre "que se projetava acima do antecipado" e, por outro, um segundo semestre onde o novo coronavírus "perturbou a vida e a economia mundial".
De acordo com a ACP, os meses com piores resultados foram maio a julho, com uma redução de cerca de 20% no trânsito, principalmente nos seguimentos de navios de cruzeiro, porta-veículos e de gás natural liquefeito.
O canal "reflete as tendências da economia global", que deverá sofrer neste ano uma contração de entre 5 a 6% devido à pandemia, afirmou a ACP, com base em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Nos Estados Unidos, principal usuário do Canal de Panamá, a queda da economia deverá ser de 8%.