O fundador do Aurora Dourada Nikos Michaloliakos, de 62, condenado nesta quarta-feira (14) a 13 anos de prisão por dirigir uma "organização criminosa", lidera o partido neonazista grego desde sua criação, há 40 anos.
Considerado culpado pelo Tribunal Penal de Atenas, em 7 de outubro, por dirigir uma "organização criminosa", Michaloliakos criticou um veredicto "parcial" baseado na ideologia. Ele já cumpriu 18 meses de prisão provisória.
Qualificado como "Führer" do partido no documento de encaminhamento dos juízes de instrução, este ex-deputado, de temperamento irascível e voz esganiçada, lançou as bases de sua formação em 1980 ao publicar uma revista "nacional-socialista" chamada Aurora Dourada (Chryssi Avghi).
Um pequeno grupo formado em torno desta publicação agiu na semiclandestinidade, cultivando um discurso xenófobo e antissemita e glorificando Adolf Hitler como "o visionário da nova Europa".
Na década de 1990, uma primeira onda migratória para a Grécia, como resultado da desintegração da União Soviética, tirou o Aurora Dourada das sombras, embora o partido mal atingisse 1% dos votos nas eleições.
Em 2008, o início de uma década de crise socioeconômica serviu de trampolim para a sigla de Michaloliakos.
Ele entrou para o Conselho Municipal de Atenas em 2010 e se distinguiu por fazer a saudação nazista em uma ocasião em janeiro de 2011.
Em maio de 2012, em plena campanha eleitoral, declarou em uma emissora grega que "não houve crematórios. É uma mentira. E não houve câmaras de gás".
O logotipo do Aurora Dourada lembra muito uma suástica, embora Michaloliakos rejeite o rótulo neonazista, chamando seu partido de "nacionalista grego".
"A Grécia está desaparecendo, há milhões de imigrantes ilegais e, entre eles, há criminosos que assassinam idosos", declarou, durante a campanha para as eleições legislativas de 2012 em um contexto de cânticos marciais e do grito de guerra do partido: "Sangue, honra, Aurora Dourada".
- Saudação nazista e "Führerprinzip" -
Este discurso ecoou em um país com uma classe política tradicional completamente desacreditada.
O Aurora Dourada obteve quase 7% dos votos nas eleições de 2012, e Michaloliakos entrou no Parlamento de 300 assentos junto com outros 17 deputados de sua legenda, incluindo sua esposa.
Eleni Zaroulia também foi condenada nesta quarta-feira a seis anos de prisão.
Sua única filha, Ourania, também esteve fortemente envolvida nas atividades do Aurora Dourada. Ela não foi processada, mas seu ex-marido Artemis Matthaiopoulos foi condenado a dez anos de prisão.
Nascido em Atenas e matemático de formação, Nikos Michaloliakos ingressou na extrema direita grega aos 16 anos, antes de ser preso por posse e uso de explosivos.
Duas penas de prisão, em 1976 e 1978, por atos de violência, valeram-lhe sua expulsão do Exército.
Enquanto estava detido, teve contato com o coronel Georges Papadopoulos, um dos integrantes da junta militar no poder na Grécia de 1967 a 1974, algo fundamental na formação do jovem militante.
Papadopoulos, então, confiou-lhe a seção juvenil do partido de extrema direita EPEN, do qual mais tarde ele sairia.
Organizado de acordo com as regras do "poder do líder" ("Führerprinzip"), o Aurora Dourada passou a atuar como organização criminosa, "principalmente a partir de 2008", multiplicando os ataques, segundo a denúncia do Ministério Público.
Ele não ocupa assento no Parlamento grego desde as eleições legislativas de 2019, quando seu partido foi dizimado nas urnas.