O líder e seis membros importantes do partido neonazista grego Aurora Dourada foram condenados, nesta quarta-feira (14), a severas penas de prisão pelo tribunal penal de Atenas, que os declarou culpados por comandar uma "organização criminosa".
O fundador do partido paramilitar, Nikos Michaloliakos, negacionista e admirador do nacional-socialismo, foi condenado a 13 anos de prisão, como havia solicitado o Ministério Público.
"As penas anunciadas hoje para a organização neonazista mostram a resistência da nossa democracia e o Estado de direito", tuitou o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis.
"Não estou satisfeito com a sentença", declarou o pai de um rapper antifascista assassinado por um membro do Aurora Dourada. "Esperava 20 anos de reclusão para a direção", declarou Panayotis Fyssas, parte civil do processo, ao lado da mãe e da irmã do ativista assassinado.
Como estava previsto, o tribunal condenou Yorgos Rupakias, membro do partido neonazista, à prisão perpétua pelo assassinato do rapper Pavlos Fyssas.
Este assassinato, em 18 de setembro de 2013, provocou uma grande comoção na Grécia e obrigou as autoridades a iniciar um processo contra o partido neonazista, responsável por assassinatos e atos de violência contra migrantes e ativistas de esquerda desde os anos 1990, mas que havia gozado até então de uma impunidade quase total.
Entre os outros seis dirigentes do Aurora Dourado processados está o eurodeputado Ioannis Lagos, ex-membro do partido, condenado a 13 anos de prisão e a um ano e meio por porte de armas. Ele perderá a imunidade parlamentar a pedido da Grécia, após a emissão da ordem de prisão.
O tribunal seguiu as recomendações da promotora Adamantia Economou e também condenou a 13 anos de prisão o ex-porta-voz do partido, Ilias Kassidiaris, e o deputado Christos Pappas, braço direito de Michaloliakos.
Outros dois dirigentes do partido receberam a mesma pena de prisão por comandar uma "organização criminosa": os ex-deputados Ilias Panagiotaros e Georgios Germenis.
Artemis Matthaiopulos, ex-genro de Michaloliakos, foi o único réu condenado a uma pena menor que a solicitada pela promotora e recebeu uma sentença de 10 anos de prisão.
Na segunda-feira, a justiça grega rejeitou todas as circunstâncias atenuantes que poderiam ter reduzido as condenações dos líderes do Aurora Dourada.
Diante do tribunal penal de Atenas, 50 manifestantes antifascistas celebraram as sentenças. Um cartaz exibia a frase: "Não esquecemos (...) não são inocentes".
- Veredicto "histórico" -
Após cinco anos e meio de audiências, o tribunal qualificou na semana passada o partido como uma "organização criminosa", um veredicto "histórico", segundo a presidente do país e a maior parte da classe política.
A corte determinou a culpa do Aurora Dourada em vários crimes, especialmente nos assassinatos em 2013 de Pavlos Fyssas e do paquistanês Sahzat Luckman, assim como na agressão de um grupo de pescadores egípcios em 2012 e de sindicalistas comunistas em 2013.
Em uma sala de audiência quase vazia, a presidente do tribunal, Maria Lepenioti, listou por ordem alfabética as penas decididas por unanimidade pelos três juízes. Apenas 10 dos 57 condenados estavam presentes. Onze acusados foram absolvidos em 7 de outubro.
Chamado de "Führer" do partido no relatório dos juízes de instrução, Michaloliakos também foi condenado a um ano de prisão por porte ilegal de armas. Mas a corte não anunciou se a pena se soma aos 13 anos de detenção por comandar uma "organização criminosa".
Michaloliakos, assim como os outros seis dirigentes do partido, já cumpriu 18 meses de detenção provisória antes do início do processo, em abril de 2015. Segundo a lei grega, os condenados terão que cumprir dois quintos da pena antes de solicitar a liberdade condicional.
O longo processo judicial provocou o declínio progressivo do Aurora Dourada, terceira força política do país em 2015, que não conquistou nenhuma cadeira no Parlamento nas eleições legislativas de julho de 2019.