Jornal Estado de Minas

Ex-presidente francês Sarkozy é acusado por suposto financiamento de campanha com fundos líbios

O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy foi acusado na segunda-feira (12) por "associação ilícita" pelo suposto financiamento de sua campanha eleitoral de 2007 com fundos líbios - informaram fontes da Procuradoria Nacional Financeira à AFP, nesta sexta-feira (16).





A nova acusação, a quarta nesta investigação, foi anunciada após quatro dias de um longo interrogatório de mais de 40 horas que terminou na segunda-feira à noite.

O ex-presidente reagiu de maneira imediata com uma mensagem no Facebook.

"Tomei conhecimento da nova acusação com grande espanto (...) Minha inocência é pisoteada mais uma vez por uma decisão que não apresenta a menor prova de qualquer financiamento ilícito", escreveu.

"Provarei minha inocência no fim. Vou usar toda a determinação e energia de que sou capaz. A injustiça não vencerá", completou Sarkozy.

Em 31 de janeiro, os juízes acusaram um colaborador de Sarkozy, Thierry Gaubert, de "associação ilícita" por supostamente ter recebido recursos do regime líbio de Muamar Khadafi que poderiam ter financiado a campanha presidencial do candidato de direita em 2007.

"Todos podem ver que é uma decisão sem precedentes, coerente com as investigações realizadas. O processo segue seu curso", disse Vincent Brengarth, advogado da organização de combate à corrupção Sherpa, demandante no caso.

A nova acusação é a quarta neste caso contra o ex-presidente francês (2007-2012), que já foi acusado em março de 2018 por três supostos crimes: "corrupção passiva, apropriação indébita de fundos públicos e financiamento ilegal de campanha".





Em sua audiência mais recente, em junho de 2019, Sarkozy denunciou um "complô" e depois se negou a responder às perguntas dos juízes de instrução.

Sarkozy invocou, entre outras coisas, sua imunidade presidencial, acusou os juízes de terem superado o limite autorizado da investigação e alegou que o desvio de fundos públicos de um país estrangeiro, acusação feita contra ele, é um crime que não existe no direito francês.

O Tribunal de Apelação de Paris rejeitou a maioria dos recursos apresentados por Sarkozy, validando quase por completou as investigações iniciadas há oito anos.

Sarkozy apresentou um recurso à Corte de Cassação francesa, o principal tribunal da França, informou à AFP uma fonte judicial.

- Dois julgamentos -

A investigação foi iniciada depois que o site Mediapart publicou um documento em 2012, o qual supostamente provava que a campanha vitoriosa de Nicolás Sarkozy cinco anos antes havia sido financiada pelo regime de Muamar Khadafi.





Em sete anos de investigações, os magistrados reuniram pistas inquietantes que reforçaram a tese, incluindo depoimentos de autoridades líbias, notas do Serviço Secreto de Trípoli, acusações de um intermediário e movimentações de recursos.

Até o momento, porém, não foram encontradas provas materiais indiscutíveis.

Em novembro de 2016, o empresário Ziad Takieddine - um dos suspeitos neste caso e foragido desde sua condenação em junho no aspecto financeiro de outro caso de grande repercussão - alegou que entregou cinco milhões euros a Sarkozy, então ministro do Interior, e a seu chefe de gabinete, Claude Guéant, entre o fim de 2006 e o início de 2007.

Além deste caso, em que as investigações ainda estão em curso, o ex-chefe de Estado será julgado de 23 de novembro a 10 de dezembro por uma acusação de corrupção no caso conhecido como "escutas telefônicas".

Suspeita-se de que ele teria tentado, ao lado de seu advogado Thierry Herzog, obter informação protegida por sigilo de um magistrado de alto escalão, Gilbert Azibert, em um processo judicial.

Sarkozy também será julgado de 17 de março a 15 de abril de 2021 por supostamente ter financiado de maneira irregular sua outra campanha presidencial, a de 2012, quando perdeu para o socialista François Hollande. Neste caso, ele é acusado de ter superado o limite de gastos da campanha.