Jornal Estado de Minas

Começa votação antecipada na Flórida, onde Biden e Trump travam disputa acirrada

A votação antecipada começou nesta segunda-feira (19) na Flórida, o mais populoso dos estados decisivos nas eleições dos Estados Unidos e onde Donald Trump e Joe Biden travam uma disputa acirrada.

A quinze dias das eleições de 3 de novembro, o presidente republicano visitou o Arizona, outro estado altamente cobiçado, numa verdadeira maratona de comícios que começou uma semana depois de garantir que estava "curado" da covid-19.





Neste estado onde venceu em 2016 -mas no qual aparece em segundo lugar nas pesquisas eleitorais para 2020-, Trump se comprometeu a resgatar a combalida economia e criticou Biden por querer "que os socialistas acampem em nosso país".

"Vocês têm sorte de eu ser seu presidente", disse o mandatário republicano aos seguidores, a maioria sem máscara e sem respeitar o distanciamento social durante um comício ao ar livre em Prescott, norte de Phoenix.

Seu rival democrata não tinha compromisso na agenda e, segundo a imprensa, dedicou o dia à preparação do debate de quinta-feira com Trump, que será o último.

Já Kamala Harris, companheira de chapa de Biden, faz campanha na Flórida, depois de quatro dias parada em função de caso de coronavírus entre sua equipe.

- Fator Flórida -

Quem vencer nesse estado terá 29 votos no Colégio Eleitoral, um número considerado fundamental entre os 270 necessários para se chegar à Casa Branca, segundo o sistema de eleição indireta dos Estados Unidos.

Ciente de que não pode perder na Flórida, onde venceu de forma apertada em 2016, Trump multiplicou suas ações por lá e encurtou a vantagem de Biden em duas pesquisas realizadas por institutos considerados mais favoráveis aos republicanos.





Biden, que viajou três vezes à Flórida para tentar seduzir os aposentados, um eleitorado importante que em 2016 apoiou Trump, tem uma vantagem de 1,4 ponto percentual sobre o rival republicano nas últimas pesquisas. Há duas semanas, a vantagem do democrata era de 4,5 pontos percentuais.

Já pela manhã, muitos eleitores com máscaras faziam fila em frente à prefeitura de Miami Beach, confirmou a AFP.

"Faz quatro anos que estou esperando para votar", comemorou Jackeline Maurice, uma eleitora democrata de 40 anos, tirando selfies com um adesivo "Votei".

Em Hialeah, uma cidade de população majoritariamente cubana no oeste de Miami, Ulysses Liriano fazia fila para votar em Trump, como muitos outros cidadãos americanos de mesma origem.

"Trump fez muitas mudanças para nós no país. Ele ajudou muito a economia", justificava o homem de 51 anos, que vestia um boné com a bandeira dos Estados Unidos.





Ao falar da pandemia, Lirino disse: "Foi um inconveniente o que aconteceu agora com o coronavírus e querem usar isso contra Trump. O que mais querem que ele faça? Há mais de 200.000 pessoas mortes, mas e se fossem ainda mais?".

Mais de 2,5 milhões de cidadãos da Flórida, de um eleitorado de 15 milhões de pessoas, votaram por correio, a grande maioria registrada como democrata.

A votação antecipada é observada com especial atenção este ano porque - no contexto de pandemia - bate recordes nos estados onde já começou.

- "Todos esses idiotas" -

Mais de 28 milhões de americanos em todo o país já votaram pelo correio ou pessoalmente. Esse montante pode representar quase um quinto do comparecimento total, de acordo com a organização independente Elections Project.

Os democratas fazem campanha para uma votação em massa antes de 3 de novembro como medida de precaução diante da pandemia de coronavírus.

Em contrapartida, o campo de Trump denuncia, sem apresentar provas, que os democratas buscam "fraudar" os resultados e promete que seus eleitores irão em massa às urnas em 3 de novembro para desmentir as pesquisas que apontam para a derrota do seu candidato.





Trump está ficando para trás em todas as pesquisas nacionais e na maioria dos estados considerados decisivos para chegar à Casa Branca.

Em conversa telefônica com membros de sua campanha nesta segunda-feira, Trump voltou a atacar o doutor Anthony Fauci, um dos especialistas mais respeitado e membro do comitê de crise do coronavírus do próprio governo americano.

"As pessoas "estão cansadas de escutar Fauci e todos esses idiotas", criticou o presidente, em um momento em que a pandemia é responsável por quase 220.000 mortes nos Estados Unidos.

"Se tivéssemos escutado Fauci, teríamos 700.000 ou 800.000 mortes", declarou, segundo a imprensa americana, que teve acesso à conversa.

Já os democratas fizeram do respeito ao vírus um dos pilares da campanha para contrastar com a polêmica administração Trump. Kamala Harris, companheira de chapa de Biden na eleição, classificou a gestão do atual governo de "o maior fracasso de qualquer administração presidencial na história dos Estados Unidos".

Biden, que enfrenta Trump nesta quinta-feira no último debate presidencial, também citou nesta segunda-feira a necessidade de uma mudança.

"Juntos podemos acabar com os últimos quatro anos de escuridão, divisão e caos", escreveu no Twitter o candidato democrata para seus mais de 11 milhões de seguidores. "Podemos nos unir, curar nossas feridas e começar a sarar".