O grupo farmacêutico americano Purdue Pharma se declarou culpado de três acusações penais pela produção e venda do opioide Oxycintin, que gerou uma crise nacional de dependência - informou o Departamento de Justiça, nesta quarta-feira (21).
O Purdue também aceitou pagar US$ 8,3 bilhões em multas, danos e gastos legais para encerrar o caso aberto contra o grupo, acrescentou a Justiça.
Em um acordo em separado, a família Sackler, que fez do laboratório Purdue um gigante graças às vendas lucrativas do Oxycontin, concordou em pagar US$ 225 milhões para liquidar sua responsabilidade com o Departamento de Justiça.
"Por meio da ganância e da violação da lei, o Purdue priorizou o dinheiro ao invés da saúde e do bem-estar dos pacientes", disse o diretor-assistente do FBI, Steven D'Antuono.
O Purdue declarou-se culpado de um crime de fraude e dois de violação das regras de suborno para a comercialização do medicamento.
O grupo farmacêutico foi acusado de incitar agressivamente os médicos a prescreverem essa droga altamente viciante.
Mesmo depois de pagar US$ 600 milhões para promover falsamente o analgésico como "menos viciante", segundo o Departamento de Justiça, o Purdue aumentou suas vendas e desenvolveu novas aplicações que provocam dependência, que o laboratório comercializou por meio de uma rede de 100.000 médicos e enfermeiras.
Entre eles estavam milhares de pessoas influentes que o Purdue "sabia ou deveria saber estavam prescrevendo opioides para muitos usos que não eram para indicações medicamente aceitas" ou que estavam sendo revendidos no mercado negro, destacou o processo.
Para encorajar a indicação do medicamento, o Purdue tinha um programa chamado "Evoluindo em direção à excelência", que oferecia incentivos financeiros e outros, em particular oferecendo aos médicos incentivos que correspondiam a subornos para preencher mais prescrições dos seus medicamentos.
Suas atividades, combinadas com as de outros produtores e distribuidores de opioides prescritos, alimentaram uma epidemia de dependência química.
Milhões de americanos tornaram-se dependentes de analgésicos, enquanto os fabricantes faturaram bilhões de dólares.
De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, mais de 500.000 americanos morreram de overdose de opioides, com ou sem receita, desde 1999.
Em um comunicado, Steven Miller, presidente do Purdue desde 2018, disse que a empresa "lamenta profundamente e aceita a responsabilidade pela má conduta detalhada pelo Departamento de Justiça".
E acrescentou: "O Purdue hoje é uma empresa muito diferente. Fizemos mudanças significativas em nossa liderança, operações, governança e supervisão".
A empresa também enfrenta ações milionárias de autoridades estaduais e locais em todo o país e, em setembro de 2019, entrou com pedido de falência para se defender de outras reivindicações legais.