Os ministros europeus do Meio Ambiente aprovaram nesta sexta-feira (23) uma estratégia destinada a proteger a biodiversidade na UE, assim como o essencial da lei do clima, com exceção da meta de emissões para 2030, sobre a qual persistem fortes discrepâncias entre os países.
Reunidos em Luxemburgo, os ministros dos 27 países-membros apoiaram a estratégia proposta pela Comissão Europeia (braço executivo da UE), que prevê proteger 30% da superfície terrestre e marinha da Europa.
"Este objetivo deverá ser alcançado coletivamente pelos Estados-membros que participarão do esforço comum, levando em conta os parâmetros nacionais", diz o comunicado comum.
Os ministros tinham dado seu aval à obrigação de que os projetos econômicos europeus futuros não sejam nocivos à biodiversidade. Todos os projetos legislativos da Comissão deverão levar em conta essa premissa.
"As populações de aves e insetos desaparecem, nossas paisagens naturais se encontram em um estado lamentável devido à agricultura industrial e à exploração das florestas", comentou a ministra alemã Svenja Schulze, cujo país preside a UE neste semestre. Ela pediu que se faça mais para "reconstruir" as paisagens.
Os governos esperam que a "Comissão proponha objetivos para a restauração da natureza que sejam legalmente obrigatórios", acrescentou.
Trinta por cento do orçamento da UE e do plano de recuperação pós-covid-19 serão destinados a ações climáticas. Por isso, os 27 propõem que "uma parte importante" destes fundos sejam investidos em projetos que preservem a biodiversidade.
A iniciativa foi bem recebida pelas ONGs ambientalistas, que esperam, no entanto, que saia do papel. Trata-se de uma "etapa revolucionária", mas "no passado, faltaram objetivos ambiciosos. Infelizmente, o que tem fracassado com frequência tem sido sobretudo a execução", lembra a WWF Alemanha.
Segundo a Agência Europeia para o Meio Ambiente (AEE), mais de 80% dos hábitats protegidos pela UE estão muito deteriorados; a fauna e a flora estão ameaçadas pela agricultura intensiva, a urbanização, o turismo, a contaminação, a silvicultura pouco sustentável e as mudanças climáticas.
Os ministros aprovaram nesta sexta-feira em Luxemburgo o ambicioso projeto de lei do clima europeia, com exceção do objetivo de emissões de gases de efeito estufa da UE para 2030.
Os países não chegam a um consenso sobre o tema e adiaram qualquer decisão até a cúpula europeia de meados de dezembro.
A Comissão quer reduzir as emissões em 55% até 2030 com relação aos níveis de 1990, diante da meta atual, de 40%. O Parlamento Europeu, ao contrário, reivindica que a redução seja, no mínimo, de 60%.
Vários países, com a Polônia à frente, consideram estas metas inalcançáveis, já que são muito dependentes do carvão.
"Faltam cinco minutos para a meia-noite no relógio da emergência climática, mas nossos governos ainda resistem", lamentou nesta sexta Sebastian Mang, do Greenpeace.