O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, assegurou nesta quarta-feira (28) que o líder parlamentar opositor Juan Guaidó acabará "fugindo", assim como seu mentor, Leopoldo López, que deixou o país no fim de semana após passar 18 meses hospedado na residência oficial do embaixador da Espanha em Caracas.
Guaidó "vai acabar no exterior, fugindo. Quantas vezes Leopoldo López disse: 'não vou embora'", disse o presidente durante uma coletiva de imprensa.
"Diz-se a Guaidó que se prepare para ir preso e ele sai correndo da Venezuela morar no bairro Salamanca, em Madri. Que corajoso é Leopoldo López! Esse é o meu líder, compadre!", ironizou Maduro em alusão às declarações na véspera de López na capital espanhola, de onde prometeu lutar pela saída "do ditador".
Maduro disse que o embaixador da Espanha em Caracas, Jesús Silva, "negociou" com o governo de Pedro Sánchez, chefe do governo espanhol, a concretização da saída de López, acusado de incitação à violência em manifestações que deixaram 40 mortos e 3.000 feridos na Venezuela em 2014 e condenado a mais de 14 anos de prisão em 2015.
No domingo, em um comunicado, o governo venezuelano havia acusado o diplomata de "cúmplice" do agora dirigente opositor exilado. O embaixador está prestes a completar sua missão em Caracas.
"Você vai embora, Jesús Silva, e não queremos nunca mais ver sua cara neste país por ser colonialista, racista e golpista", disparou Maduro.
López, que estava em prisão domiciliar desde 2017, foi libertado e participou, ao lado de Guaidó, de uma insurreição militar frustrada em 30 de abril de 2019. Ele foi hóspede do embaixador espanhol desde o levante frustrado.
Em 23 de agosto, Maduro disse que, se a justiça o determinar, não hesitará em prender Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por meia centena de países, liderados pelos Estados Unidos. Washington advertiu que deter o líder parlamentar seria "o último erro" do presidente.
Como chefe do Parlamento - único poder nas mãos da oposição -, Guaidó reivindicou em janeiro de 2019 a presidência encarregada, depois de a Câmaara declarar Maduro "usurpador", acusando-o de ter sido reeleito mediante fraude em maio de 2018.
Desde então, a justiça venezuelana, à qual os adversários de Maduro acusam de servir ao chavismo, abriram vários processos penais contra Guaidó, mas o líder opositor de 37 anos nunca foi detido.
O mandato de Guaidó na Assembleia Nacional termina em janeiro de 2021.