A campanha do democrata Joe Biden reagiu à declaração do presidente dos EUA Donald Trump, após o republicano anunciar que irá pedir à Suprema Corte que a contagem dos votos da eleição seja paralisada. "Ultrajante, sem precedentes e incorreto", disse a chefe da campanha democrata, Jen O'Malley Dillon, em nota. Segundo ela, a apuração não irá parar. "É incorreto porque não vai acontecer. A contagem não vai parar. Irá continuar até que todo voto registrado seja contado. Porque é o que nossas leis - as leis que protegem o direito constitucional de todo americano votar - requerem", escreveu Jen em nota.
Segundo ela, a campanha democrata está pronta para ir aos tribunais se Trump insistir na paralisação da apuração. "Temos equipes jurídicas prontas para se mobilizar para resistir a esse esforço", afirmou Jen.
Às 2h21 da manhã desta quarta-feira, 4, no horário local (4h21 no horário de Brasília), Trump anunciou que irá questionar o sistema de votação na Suprema Corte para impedir que novas cédulas sejam contabilizadas na eleição americana contra Joe Biden. "Nós vamos para a Suprema Corte, queremos que todos os votos parem. Não queremos que os votos sejam descobertos às 4 horas da manhã", disse o presidente, que afirmou que há uma fraude na votação americana. "Francamente, nós ganhamos essa eleição", disse o presidente, enquanto a apuração ainda não foi finalizada.
O anúncio confirma a ameaça que o presidente já tinha feito na véspera da votação. Durante meses, Trump argumentou sem apresentar provas que os votos pelo correio são passíveis de fraude. Os Estados ampliaram as possibilidades de voto pelo correio neste ano, para evitar aglomerações no dia 3 de novembro em razão da pandemia do novo coronavírus. Mais de 101 milhões de eleitores registraram sua preferência antes do dia da votação, um recorde histórico.
Os eleitores democratas são mais propensos a adotar o voto pelo correio, a razão pela qual Trump tem atacado o procedimento usado amplamente nos EUA sob governos republicanos e democratas.
O presidente afirmou que estava "ganhando tudo e de repente" a apuração parou. As regras de contagem de votos nos Estados variam, pois os EUA não possuem uma Justiça Eleitoral centralizada. Em alguns lugares, como na Pensilvânia, os votos antecipados só podem ser contabilizados após o fim do dia da votação. Em uma eleição como a de 2020, que teve número recorde de votos antecipados, isso significa que os resultados podem atrasar dias.
"Isso é uma enorme fraude", disse Trump. O presidente disse ter vencido em Estados onde a apuração ainda não está finalizada, como a Geórgia e a Carolina do Norte. "Há um grupo de pessoas que está tentando privar de direitos outro grupo de pessoas", afirmou o presidente.
"Na Flórida, nós não ganhamos, ganhamos por muito. Ganhamos Ohio, ganhamos Texas e eles não incluem na tabulação (a imprensa já computa a vitória republicana no Texas, diferentemente do que o presidente afirmou). Também está claro que ganhamos a Geórgia, nós claramente ganhamos Carolina do Norte", disse Trump. O presidente também afirmou que está na frente na Pensilvânia.
Uma onda vermelha, de votos republicanos, já era aguardada para o início da noite, justamente porque votos pelo correio contabilizados depois tendem a beneficiar democratas.
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