Manifestantes queimaram bandeiras dos Estados Unidos e marcharam pela cidade de Portland armados com rifles de assalto e gritos de protesto, mas sem provocar violência, na tensa noite eleitoral de terça-feira nos Estados Unidos.
Esta cidade liberal de Oregon, no noroeste do país, já havia se preparado para possíveis confrontos armados após meses de protestos e choques entre ativistas de esquerda, milícias de direita e agentes federais enviados pelo governo de Donald Trump.
Enquanto na madrugada Trump proclamava sua vitória na eleição, apesar de a contagem dos votos estar longe de terminar, os ativistas se reuniram em frente ao tribunal federal de Portland, epicentro nesta cidade dos protestos antirracistas que marcaram todo o país no verão boreal.
"Não gostamos de nenhum dos dois candidatos, votei por Biden envergonhado, mas se Trump ganhar outros quatro anos, as pessoas se indignarão", disse um manifestante de 20 anos, que pediu para ser chamado de "L", enquanto queimava duas bandeiras americanas em frente ao edifício do tribunal federal.
Muitos gritavam slogans contra Trump e contra o prefeito da cidade, Ted Wheeler, detestado pelos manifestantes e que foi reeleito na terça-feira; enquanto outros dançavam ao ritmo do hip-hop.
O FBI alertou sobre a possibilidade de confrontos armados em Portland durante a eleição, mas não houve sinais de atividade noturna por parte de grupos de direita como os Proud Boys.
E na madrugada desta quarta-feira, não houve também confrontos entre a polícia e os manifestantes, alguns dos quais já haviam participado de uma manifestação pacífica do Black Lives Matter com cerca de 400 pessoas, no leste da cidade.
A marcha, que durou três horas, foi guiada por um comboio que contou com ao menos meia dúzia de ativistas armados com rifles de assalto, facas e uma espingarda.
"Ouvi dizer que Trump tem impulso agora", disse Ty Ford, de 20 anos, um dos líderes dos protestos. "Vai ser um tumulto. Quando sair o resultado, será uma loucura".
"É como escolher entre dois males, mas honestamente, nos contentamos com Biden", afirmou "D.D.", outro dos líderes de 22 anos.
As exigências vão desde a abolição do ICE (polícia migratória) até a justiça para as vítimas de violência policial, incluindo os americanos negros George Floyd e Breonna Taylor. A manifestação terminou com uma interpretação da música "Hallelujah".
Também houve momentos relaxantes, quando os líderes do protesto convidaram os curiosos que assistiam a marcha das janelas de seus apartamentos para se unirem à manifestação.
"Ei, coloque a cabeça para fora da janela e nos conte como vão as eleições, e então talvez você possa calçar os sapatos e vir nos ajudar a iniciar uma revolução", gritou um ativista.