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Estado de Minas

Eleições nos EUA: como o 'apocalipse eleitoral' temido por muitos aconteceu na disputa Trump x Biden

Com milhões de votos ainda a serem contados, Donald Trump fez uma reclamação sem qualquer evidência de fraude e reivindicou a vitória nas eleições presidenciais dos EUA.


05/11/2020 18:20 - atualizado 05/11/2020 21:27

Donald Trump disse ter vencido as eleições presidenciais americanas(foto: EPA)
Donald Trump disse ter vencido as eleições presidenciais americanas (foto: EPA)
Donald Trump vinha indicando há semanas que, se a eleição presidencial estivesse acirrada, acusaria seus adversários democratas de cometer fraude eleitoral e de tentar roubar sua vitória.

 

Na madrugada de quarta-feira (4/11), ele fez exatamente isso: com milhões de votos legítimos ainda para serem contados, ele prematuramente declarou vitória.

 

"Estávamos nos preparando para vencer essa eleição. Francamente, vencemos essa eleição", afirmou Trump.

 

Sem apresentar qualquer evidência, ele passou a dizer que havia ocorrido "fraude" eleitoral.

 

"Esta é uma grande fraude para nossa nação. Queremos que a lei seja usada de maneira adequada. Portanto, iremos para a Suprema Corte dos Estados Unidos. Queremos que todas as contagens de votos parem."

'Ultrajante, sem precedentes, incorreto'

Os democratas e até alguns dos partidários do presidente responderam rapidamente.

O rival democrata de Trump, Joe Biden, disse que a eleição não acaba "até que todas as cédulas sejam contadas".

 

"Estamos no caminho certo para vencer", insistiu.

 

A coordenadora da campanha de Biden, Jen O'Malley Dillon, disse que os comentários de Trump foram "ultrajantes, sem precedentes e incorretos".

 

"Foi ultrajante porque é um esforço descarado para retirar os direitos democráticos dos cidadãos americanos", disse ela.


Joe Biden disse que eleição não termina até que 'todos os votos sejam contados'(foto: Reuters)
Joe Biden disse que eleição não termina até que 'todos os votos sejam contados' (foto: Reuters)

"Foi sem precedentes porque nunca antes em nossa história um presidente dos Estados Unidos tentou privar os americanos de sua voz em uma eleição nacional."

 

A deputada Alexandria Ocasio-Cortez, do Partido Democrata, que foi reeleita, condenou a afirmação de Trump como "ilegítima, perigosa e autoritária".

 

"Conte os votos. Respeite os resultados", tuitou ela.

 

Até mesmo colegas republicanos de Trump, como o ex-senador da Pensilvânia, Rick Santorum, expressaram preocupação com as declarações do presidente.

 

Santorum disse que ficou "muito angustiado" com os comentários de Trump. "Usar a palavra fraude... acho errado", disse ele à CNN.

 

E Ben Shapiro, um comentarista conservador e crítico de Trump, tuitou chamando os comentários de "profundamente irresponsáveis".

 

Depois que Trump falou, o vice-presidente Mike Pence tentou suavizar seus comentários, recusando-se a declarar vitória e insistindo que todos os votos legalmente expressos seriam contados.


Cerca reforça segurança ao redor da Casa Branca, em Washington DC(foto: Reuters)
Cerca reforça segurança ao redor da Casa Branca, em Washington DC (foto: Reuters)

'Estrago já foi feito'

Mas o estrago já foi feito, diz Anthony Zurcher, repórter da BBC nos EUA.

 

"Quer Trump ganhe ou perca, ele pôs esta eleição em xeque, ao questionar a própria máquina da democracia americana", disse Zurcher.

 

A pandemia em curso levou um número sem precedentes de eleitores dos EUA a optar pelo voto pelo correio ou antecipado, o que amplia o tempo necessário para a contagem dos votos.

 

Em alguns Estados, a finalização da contagem pode levar dias.

 

Anthony Zurcher diz que a eleição dos EUA entrou no "cenário do juízo final que muitos americanos temiam, em que o presidente dos Estados Unidos - da própria Casa Branca - prejudicaria a contagem de votos".

 

Trump se recusou notoriamente a admitir que aceitaria a derrota se perdesse a eleição.

 

Nas últimas semanas, isso levou a um debate altamente incomum sobre se as Forças Armadas, o serviço secreto ou a polícia poderiam ser chamados para remover à força um presidente dos EUA que se recuse a deixar a Casa Branca.


Votos ainda precisam ser contados em Estados como a Pensilvânia(foto: Reuters)
Votos ainda precisam ser contados em Estados como a Pensilvânia (foto: Reuters)

Estados-chave

A corrida para definir o próximo presidente americano se resume a apenas alguns Estados: Arizona, Nevada, Michigan, Pensilvânia e Geórgia.

 

Qualquer contestação legal precisaria passar pelos tribunais estaduais primeiro, antes de ser encaminhada à Suprema Corte. Isso significa que o resultado da eleição presidencial dos EUA em 2020 pode levar dias para ser conhecido.

 

Nesse ínterim, teme-se que a incerteza possa resultar em protestos e confrontos.

 

Exemplo disso aconteceu em várias partes do país, inclusive na frente da Casa Branca.

 

"O que antes era um cenário de pesadelo está tomando forma, com Biden alegando que está no caminho da vitória e Trump lançando acusações infundadas de fraude na votação e roubo eleitoral", disse Zurcher.

 

"É uma receita para rancor e uma batalha judicial prolongada, que termina com os militantes do lado perdedor se sentindo furiosos e trapaceados."

 

(foto: Frederic J. BROWN/AFP - 26/10/20)
(foto: Frederic J. BROWN/AFP - 26/10/20)

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