"Não há defesa para os comentários do presidente esta noite minando nosso processo democrático", escreveu Larry Logan, governador republicano do Estado de Maryland.
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"Os Estados Unidos estão contando os votos e devemos respeitar os resultados como sempre fizemos. Nenhuma eleição ou pessoa é mais importante do que nossa democracia", concluiu o político pelo Twitter.
There is no defense for the President’s comments tonight undermining our Democratic process. America is counting the votes, and we must respect the results as we always have before. No election or person is more important than our Democracy. https://t.co/BOO2iaTsEf
— Larry Hogan (@LarryHogan) November 6, 2020
Os comentários fazem referência ao discurso feito por Trump na Casa Branca na noite desta quinta-feira. "Se você contar os votos legais, eu ganho facilmente", disse o presidente, enquanto os votos ainda estão sendo contados em diversos Estados americanos.
Trump classificou como "ilegais" os votos enviados pelo correio — ao contrário do que alega o presidente, isso é oficialmente permitido nos Estados Unidos. As declarações de Trump sobre votos ilegais são falsas.
Pelo menos três emissoras de televisão — ABC, CBS e NBC — interromperam a transmissão do discurso de Trump por conta da série de informações falsas ou distorcidas na fala do republicano.
'Os votos vão ser contados'
No discurso, Trump disse que é "incrível como as cédulas enviadas pelo correio são tão unilaterais", em referência aos votos a distância a favor do oponente Joe Biden.
Os eleitores democratas tradicionalmente recorrem mais ao voto por correspondência. Até a publicação desta reportagem, cerca de 75% dos votos por correspondência foram para Joe Biden.
Durante toda a campanha, Trump fez alegações falsas de que o voto por correspondência era mais vulnerável à fraudes e encorajou seus partidários a não votar pelo correio.
Sem citar diretamente o presidente, o deputado republicano Adam Kinzinger fez referência à fala de Trump sobre votos legais para criticar a divulgação de notícias falsas.
We want every vote counted, yes every legal vote (of course). But, if you have legit concerns about fraud present EVIDENCE and take it to court. STOP Spreading debunked misinformation... This is getting insane.
— Adam Kinzinger (@RepKinzinger) November 6, 2020
"Queremos que todos os votos sejam contados, sim, todos os votos legais (é claro). Mas, se houver dúvidas legítimas sobre fraude, apresente evidências e leve-as ao tribunal. Pare de espalhar desinformação que já foi desmentida... Isso está ficando insano", escreveu o político, eleito pelo Estado de Illinois.
O senador republicano e ex-candidato à Presidência pelo partido Mitt Romney também reagiu ao discurso, sem citar nomes, e procurou baixar os ânimos do eleitorado.
"Contar todos os votos está no coração da democracia. Esse processo costuma ser longo e, para quem está em concorrendo, frustrante", disse o republicano de Utah, que tem histórico de desavenças com Trump.
Em fevereiro, ele foi o único senador republicado a votar pela condenação de Trump no julgamento de seu impeachment no Congresso americano. Romney concordou com a acusação de abuso de poder que Trump enfrentava, e não apoiou a seguda acusação, que apontava suposta obstrução ao Congresso. Trump foi absolvido pelo Senado em ambas as acusações.
"Os votos vão ser contados", prosseguiu Romney nesta quinta-feira. "Havendo alegadas irregularidades, elas serão investigadas e devidamente resolvidas nos tribunais. Tenham fé na democracia, em nossa Constituição e no povo americano."
— Mitt Romney (@MittRomney) November 6, 2020
Reincidente
Já o senador pela Flórida Marco Rubio, que concorreu como pré-candidato republicano à Presidência em 2016, disse que "se um candidato acha que um Estado está violando leis eleitorais, ele tem direito de contestar o caso em tribunal e de apresentar provas para embasar suas alegações".
Junto à fala, ele incluiu um comentário feito no dia 4 de novembro, quando novamente contrariou Trump ao dizer que "demorar dias na contagem de votos não é ilegal".
Na madrugada de 3 para 4 de novembro, horas depois das urnas serem fechadas na maior parte do país, Trump convocou uma entrevista coletiva em que recorreu à mesma estratégia.
"Francamente, nós ganhamos as eleições. Pelo bem dessa nação, isso é uma grande fraude", disse o presidente, se auto-intitulando vencedor enquanto milhões de votos ainda não haviam sido computados.
Àquela altura, republicanos e personalidades conservadoras vieram a público para criticar o presidente.
"É profundamente irresponsável" dizer que ganhou as eleições, afirmou o conhecido comentarista político Ben Shapiro, um tradicional apoiador de pautas conservadoras dos republicanos.
"Não, Trump não ganhou a eleição", ele completou.
Na avaliação do ex-governador de Nova Jersey Chris Christie, também republicano, "simplesmente não há base para esse tipo de argumento".
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