Jornal Estado de Minas

Saudado por líderes do mundo inteiro, Biden promete unir os EUA

O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu unir o povo americano, à medida que muitos líderes em todo o mundo saudavam neste domingo sua vitória, após quatro anos de turbulência geopolítica.

"Prometo ser um presidente que une e não que divide", disse no sábado Joe Biden, de 77 anos, a uma multidão animada reunida em "drive-in" em seu reduto de Wilmington, Delaware, conclamando os americanos a não tratem mais seus "opositores como inimigos".





Após quatro dias de tenso suspense, o ex-vice-presidente de Barack Obama superou o número "mágico" de 270 delegados no Colégio Eleitoral e encerrou um mandato político republicano sem precedentes que abalou os Estados Unidos e o mundo.

É "hora de curar as feridas" do país e de acabar com as "demonizações", disse ele, estendendo a mão aos eleitores de Donald Trump cuja "decepção" disse compreender.

Embora o presidente republicano não tenha admitido a derrota, muitos líderes internacionais felicitaram Joe Biden, reforçando a ideia de que ninguém - nem nos Estados Unidos nem em qualquer outro lugar - leva realmente a sério as ações judiciais movidas pela equipe de Trump.

A chanceler alemã, Angela Merkel, que manteve difíceis relações com Donald Trump, insistiu no vínculo transatlântico "insubstituível".

A União Europeia, desprezada pelo atual inquilino da Casa Branca, manifestou o desejo de uma "parceria sólida" com os Estados Unidos. "Covid-19, multilateralismo, clima e comércio internacional são desafios a serem enfrentados juntos", tuitou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.





- "Não será a última" -

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que desejava a Donald Trump uma vitória por sua política muito favorável em relação ao Estado hebreu, também parabenizou Joe Biden como um "grande amigo de Israel", esperando "aprofundar ainda mais a aliança especial" entre os dois países.

O presidente afegão Ashraf Ghani desejou o reforço dos laços entre Cabul e Washington na luta contra o terrorismo e no processo de paz, enquanto Donald Trump assinou um acordo com o Talibã que ratifica a saída das tropas americanas.

O Irã exortou Biden a aproveitar "uma oportunidade para (...) retornar ao caminho de adesão aos compromissos internacionais". Trump abandonou o acordo nuclear internacional com o Irã alcançado em Viena em 2015 e impôs sanções econômicas contra a República Islâmica.

De imediato, o principal desafio de Joe Biden é a pandemia de coronavírus, que causou 237.000 mortes nos Estados Unidos. Neste sentido, seu primeiro anúncio foi da instalação na segunda-feira de uma unidade de crise sobre a covid-19.

Sua companheira de chapa, Kamala Harris, fará história ao se tornar a primeira mulher a se tornar vice-presidente. Toda vestida de branco, em homenagem às sufragistas, ela disse no sábado que não seria "a última".





- "Alívio" -

O anúncio da consagração de Joe Biden gerou cenas de júbilo nos Estados Unidos.

Em Washington, milhares de pessoas se reuniram para comemorar em frente à Casa Branca e na Black Lives Matter Plaza, parte da artéria que leva à residência presidencial e famosa na primavera passada pelos protestos contra a violência policial.

"Aliviado. Muito aliviado", disse Alex Norton, de 31 anos com o filho nos braços. "Finalmente sabemos que não teremos mais quatro anos de Donald Trump!".

Em Nova York, cidade natal do presidente republicano, um concerto de buzinas saudou o anúncio de sua derrota. "Estou muito feliz", exclamou J.D. Beebe, 35 anos.

Barack Obama, 44º presidente americano, comemorou no sábado a "histórica" vitória de seu "amigo".

A data da transferência do poder está inscrita na Constituição: 20 de janeiro. Até lá, os estados certificarão seus resultados, e os 538 delegados do Colégio Eleitoral se reunirão em dezembro para nomear formalmente o presidente.





Para Joseph Robinette Biden Jr., a consagração suprema terá chegado tarde, ao final de uma vida dedicada à política e marcada por tragédias.

Depois de fracassar em 1988 e 2008, depois hesitar em 2016, aquele que começou sua carreira política nacional no Senado há quase meio século - e sabe como Washington funciona como a palma da sua mão - contentou-se com aparições limitadas, fazendo à América uma promessa de calma.

Em um contraste gritante com a energia empregada na campanha por Donald Trump, aquele que o presidente deu o apelido de "Joe dorminhoco" transmitiu, por vezes, a imagem de um homem frágil. Seus discursos, como no sábado à noite, raramente duram mais de 20 minutos.

Em uma América profundamente dividida e diante de um Senado que poderia permanecer nas mãos dos republicanos, terá que encontrar o tom certo.

No total, apesar da pandemia, a participação atingiu um recorde histórico na era moderna: cerca de 66% dos eleitores votaram, de acordo com o US Elections Project. Joe Biden obteve mais de 74,5 milhões de votos, contra 70 milhões para Donald Trump.





- Trump isolado -

Donald Trump, que estava em seu clube de golfe não muito longe de Washington quando os resultados foram anunciados, acusou Joe Biden de se "precipitar para se apresentar falsamente" como o vencedor.

Nada obriga o presidente republicano a fazê-lo formalmente, mas admitir a derrota é uma tradição em Washington.

Trump adotou uma postura muito beligerante na noite de terça-feira, prometendo uma verdadeira guerra judicial. O tempestuoso presidente de 74 anos, que caiu na política ao vencer a eleição presidencial em 2016 para espanto de todos, não foi reeleito, ao contrário de seus três antecessores Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton.

Se a onda democrata anunciada por alguns não se concretizou, e se ele mostrou que tem uma base eleitoral muito sólida, sua gestão da pandemia, que constantemente minimizou, recebeu fortes críticas, mesmo em seu próprio campo.

Muito amargo, ele não parou, nos últimos dias, de denunciar supostas fraudes, sem fornecer o menor elemento concreto. Mas aparece isolado dentro de seu próprio partido em sua cruzada contra o "roubo" de sua vítima.

audima