Saeb Erakat, uma das faces mais conhecidas internacionalmente da causa palestina, morreu nesta terça-feira (10) aos 65 anos, alguns dias depois de testar positivo para o novo coronavírus, deixando os palestinos órfãos de um "grande combatente" pela paz.
Erakat, secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), sofria de fibrose pulmonar e havia sido submetido a um transplante de pulmão. Ele foi internado em estado muito grave no hospital israelense Hadassah de Jerusalém em 18 de outubro.
Seu corpo foi transferido à tarde para um hospital de Ramallah, cidade da Cisjordânia ocupada onde uma cerimônia militar será organizada na manhã de quarta-feira. Depois, Erakat será enterrado em Jericó, no Vale do Jordão onde vivia.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, qualificou a morte de "perda imensa de um grande combatente".
"A partida de um irmão, de um amigo, de um grande lutador (...) É uma perda imensa para a Palestina e para os palestinos. Estamos profundamente tristes", afirmou Abbas em um comunicado.
O hospital israelense de Jerusalém, que confirmou a morte e enviou uma mensagem de pêsames aos palestinos, recebeu Erakat, a pedido das autoridades palestinas, e classificou desde o princípio o quadro médico de "desafio", devido a seus problemas pulmonares.
"Ele chegou em estado grave, precisava de assistência respiratória e muito oxigênio", afirmou o hospital.
- Negociações de paz -
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, declarou-se "entristecido" pela morte de seu "amigo".
"Chegou o momento de continuar com seu trabalho crucial para por um fim ao conflito", ressaltou.
Em uma mensagem curta publicada no Twitter, o Departamento de Estado americano apresentou suas condolências. "Nossos pensamentos e orações com sua família nesses tempos difíceis".
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, expressou em um comunicado sua "tristeza" e afirmou que a morte de Erakat representa uma "grande perda para o povo palestino e para o processo de paz no Oriente Médio".
A ex-negociadora israelense Tzipi Livni apresentou condolências "aos palestinos e à família" de Erakat. "Saeb dedicou a vida a seu povo. Já enfermo, me escreveu: 'não terminei aquilo para o que nasci'", relatou Livni no Twitter.
A morte também gerou mensagens de condolências do Egito, Alemanha e do movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
Erakat, conhecido como "Doutor Saeb", foi um dos rostos palestinos mais conhecidos internacionalmente por ter participado nas negociações de paz nos últimos anos.
Ele morava na cidade palestina de Jericó, na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967.
Era um dos colaboradores mais próximos de Abbas, de 85 anos, e era apontado com frequência como um de seus potenciais sucessores.
Erakat havia criticado a recente normalização das relações entre Israel e vários países árabes, pois foram pactos que não esperaram por um acordo de paz entre israelenses e palestinos.
Em uma reunião por vídeo em agosto com jornalistas, ele criticou a medida que, segundo ele, "mina a possibilidade de paz" israelense-palestina e "reforça os extremistas" dos dois lados.
A transferência de sua residência em Jericó para um hospital israelense provocou críticas de manifestantes em Israel, que perguntaram por quê o Estado hebreu aceitava cuidar, segundo eles, de um "inimigo" palestino.
Na Cisjordânia, onde moram quase três milhões de palestinos, foram registrados mais de 50.000 casos de coronavírus e 480 mortes. Em Gaza, território palestino separado da Cisjordânia e controlado pelo movimento islamita Hamas, foram contabilizados mais 8.700 casos e quase 40 mortes em uma população próxima de dois milhões de habitantes.