Homens armados mataram pelo menos 34 pessoas em um ataque a um ônibus na região de Benishangul-Gumuz, no oeste da Etiópia, palco de recente violência contra civis - informou o órgão nacional de direitos humanos neste domingo (15).
"O número estimado de vítimas [fatais], atualmente em 34, provavelmente vai aumentar", disse em um comunicado a Comissão Etíope de Direitos Humanos (EHRC, na sigla em inglês), uma instituição pública independente que também informou sobre outros ataques na região durante a noite.
Segundo o comunicado, o atentado ocorreu na área administrativa de Debate, e "há informes de ataques similares" em outras três áreas, além de "pessoas que fugiram em busca de abrigo".
O governo do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, deu poucas informações sobre a violência recente em Benishangul-Gumuz, especialmente na área de Metekel, onde Debate está localizada.
Pelo menos 12 pessoas foram mortas em um ataque nesta área em outubro, e outras 15, em um ataque semelhante no final de setembro.
Em uma mensagem aos parlamentares em outubro, Abiy disse que os combatentes responsáveis pelos assassinatos estavam recebendo treinamento e abrigo no vizinho Sudão e que a ajuda de Cartum era necessária para estabilizar a área.
Não se sabe se há ligação entre a violência em Benishangul-Gumuz e as operações militares na região etíope de Tigré, no norte, que deixaram centenas de mortos e levaram à fuga de quase 25 mil pessoas através da fronteira com o Sudão.
Políticos da oposição afirmam que a violência em Benishangul-Gumuz teve motivações étnicas.
Segundo eles, há uma campanha liderada por milícias da etnia Gumuz contra os Amhara e Agew que vivem em Metekel.
"O ritmo incessante de ataques contra civis em Benishangul-Gumuz requer uma maior vigilância e uma ação mais coordenada entre as forças de segurança regionais e federal", disse o comissário-chefe do EHRC, Daniel Bekele, neste domingo.
"Pedimos às autoridades de segurança federal e regionais e judiciárias que trabalhem juntas e em consulta com a comunidade local, para redesenhar uma estratégia de segurança regional que possa pôr fim a esses ataques", acrescentou.
- Etíopes em fuga
Quase 25.000 etíopes, que fugiram do conflito na província de Tigré, chegaram ao vizinho Sudão, informou a agência oficial de notícias sudanesa Suna.
"O número de refugiados etíopes que chegaram aos estados de Gedaref e Kassala alcançou 24.944 no sábado", relatou a Suna ontem à noite.
Essas duas regiões estão localizadas no leste do país, na fronteira com a Etiópia.
No sábado, em visita à região fronteiriça do Sudão, o representante adjunto do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) no Sudão, Jan Hansmann, afirmou que "a prioridade era oferecer abrigo, comida e água aos refugiados e transferi-los para setores afastados da fronteira, por razões de segurança".
A agência da ONU está trabalhando para montar novos acampamentos de refugiados, acrescentou.
O comissário sudanês para os refugiados, Abdullah Suleiman, que o acompanhava, pediu à comunidade internacional que preste ajuda urgente aos refugiados.