A situação no Saara Ocidental continuava confusa nesta segunda-feira (16), com tiroteios - segundo a agência marroquina MAP e a Frente Polisário - na linha de defesa que divide este disputado território, após o anúncio na última sexta, por parte dos separatistas saharauis, de ruptura de um cessar-fogo estabelecido em 1991.
A Frente Polisário decretou "estado de guerra" e o fim do cessar-fogo assinado sob os auspícios da ONU, em reação a uma operação do Exército marroquino em uma zona tampão no extremo sul do Saara Ocidental.
O objetivo desta operação militar era reabrir a estrada que leva à vizinha Mauritânia, através do posto de fronteira de Guerguerat.
Nesta segunda-feira, Mohamed Salem Uld Salek, chefe da diplomacia da República Árabe Saharaui Democrática (RASD), autoproclamada em 1976 pelos ativistas pró-independência da Polisário, disse à AFP que "o fim da guerra depende do fim da ocupação ilegal" por Marrocos "dos territórios ocupados da RASD".
Por enquanto, é impossível saber de uma fonte independente o que realmente se passa no terreno, dadas as dificuldades de acesso a este imenso território desértico que Marrocos e Polisário, apoiada pela Argélia, disputam há décadas.
O Saara Ocidental, uma grande área desértica de 266.000 km2 que faz fronteira com a costa atlântica ao norte da Mauritânia, é o único território do continente africano cujo status pós-colonial não foi resolvido.
Após a saída da potência colonial espanhola em 1975, o Marrocos se apoderou de dois terços deste território que considera parte integrante do reino. A Polisário controla o outro terço.
Rabat propõe autonomia sob sua soberania, enquanto a Frente Polisário exige um referendo de autodeterminação previsto no acordo de 1991, mas que nunca foi realizado.
Para a Polisário, a operação militar marroquina em Guerguerat pôs fim ao cessar-fogo de 1991. Os marroquinos, por sua vez, dizem que o respeitam.
A situação pós-colonial não resolvida neste território preocupa a ONU, a União Europeia (UE) e a União Africana (UA).
Desde sexta-feira, os independentistas saharauis sinalizam "ataques" - sem dar mais detalhes - ao longo da linha de defesa marroquina de 2.700 quilômetros que separa o Saara Ocidental, sem qualquer reação oficial de Rabat.
Do lado marroquino, a última declaração do Estado-Maior data de sexta-feira, quando se anunciou que "está garantida a segurança na passagem de Guerguerat".