Mais de 80.000 vítimas de abuso sexual entre os escoteiros americanos se manifestarão nesta segunda-feira à noite, data limite para beneficiar-se de um fundo de indenização estabelecido pela organização como parte de sua declaração de falência, disse à AFP um de seus advogados.
"Até onde sabemos, há 11.000 denúncias em todo o mundo contra a Igreja católica, acreditamos que os casos de meninos escoteiros serão oito vezes maiores às 17h00 desta noite" (19h00 de Brasília), disse na segunda-feira Andrew Van Arsdale, membro de uma equipe de advogados que representa as vítimas desses abusos.
"Estamos horrorizados com a quantidade de vidas que sofreram abusos no passado entre os escoteiros e comovidos com a coragem daqueles que saíram do silêncio", disse a organização Boy Scouts of America em um comunicado, sem confirmar os números.
A organização, fundada em 1910, é o principal movimento escoteiro dos Estados Unidos. Tem 2,2 milhões de membros entre 5 e 21 anos.
Afetada pelas acusações de abuso sexual, declarou falência em fevereiro com o objetivo de congelar todos os pedidos de indenização apresentados pelos ex-escoteiros no tribunal e redirecioná-los a um fundo de indenização.
A Boy Scouts of America, que estima sua renda em mais de 1 bilhão de dólares, não indicou qual valor pretende dedicar ao fundo.
As revelações de abuso sexual entre os escoteiros dos Estados Unidos vieram à tona pela primeira vez em 2012, quando o jornal Los Angeles Times publicou documentos internos que envolviam décadas de abuso sexual entre seus participantes.
Nessa época, eram cerca de 5.000 "arquivos de perversão", correspondendo a uma quantidade semelhante de supostos agressores entre os líderes escoteiros.
A maioria nunca havia sido denunciada às autoridades e a organização se limitou a expulsá-los.
Desde então, as ações judiciais se multiplicaram contra os Scouts, principalmente após a extensão em vários estados dos prazos de prescrição para as agressões pedófilas.