A ex-guerrilha das Farc denunciou nesta segunda-feira (16) o assassinato de dois ex-combatentes que haviam deposto as armas depois do acordo de paz assinado com o governo colombiano, em novembro de 2016, elevando o total de signatários do pacto assassinados a 241.
"Lamentamos informar que ontem foram assassinados dois signatários da paz", notificou em mensagem no Twitter a Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc), nome do partido político egresso daquela que foi a guerrilha mais poderosa da América.
Os ex-combatentes foram identificados como Jorge Riaños, morto a tiros no departamento (estado) de Caquetá (sul), e Enod López, executado com arma de fogo em Puerto Guzmán, Putumayo (sul), junto com a esposa, Nerie Penna, vereadora do município.
Os crimes ocorrem pouco mais de uma semana depois de o presidente Iván Duque receber uma delegação de ex-combatentes, que fez uma peregrinação de dez dias até a capital, Bogotá, para chamar atenção aos assassinatos de seus companheiros.
Após a reunião, o presidente se comprometeu a acelerar a reincorporação dos signatários do pacto.
"Depois dos compromissos alcançados em Bogotá, seguimos sem #GarantiasParaAPaz" lamentou em uma mensagem no Twitter o dirigente do partido Farc, Pastor Alape, que foi ao encontro com Duque.
Segundo Alape, existe uma "responsabilidade de Estado" nestes crimes.
Duque assumiu o poder em 2018 com um programa de governo que prometia modificar os acordos com as Farc por considerar que premiavam com a impunidade os crimes atrozes cometidos pela guerrilha durante quase seis décadas de levante armado.
O Congresso, no entanto, rejeitou sua iniciativa.
Segundo o acordo de 2016, os ex-guerrilheiros podem evitar a prisão se confessarem seus crimes e indenizarem as vítimas, caso contrário podem ser condenados a penas de até 20 anos de prisão.
A Colômbia atravessa uma das piores investidas de grupos armados desde a assinatura do acordo de paz. O observatório independente Indepaz registrou 72 chacinas - ou assassinatos de pelo menos três pessoas no mesmo evento - em 2020.
Segundo o governo, por trás da maioria dos massacres estão organizações financiadas pelo narcotráfico, que travam uma luta feroz pela produção e a exportação de cocaína através do Pacífico rumo à América Central e aos Estados Unidos, destino final da droga.