Os presidentes de grandes empresas americanas já viraram a página da era Donald Trump e estão se concentrando no futuro governo de Joe Biden. Primeiro item da agenda: pressionar por um novo plano de ajuda à economia.
Dois meses antes de Biden tomar posse, os círculos empresariais já pedem a ele que pressione o Congresso para adotar um novo plano de ajuda econômica em meio à pandemia do coronavírus.
"Os próximos dois meses são essenciais para a gestão de duas crises que se sobrepõem: controlar a propagação da covid-19 e reconstruir a economia dos EUA", disse a federação dos fabricantes de produtos manufaturados.
"Não há tempo a perder e nem espaço para erros", acrescentou a organização em um comunicado no qual pediu a Donald Trump que cooperasse com a equipe de transição de Joe Biden.
Trump se recusa a reconhecer a vitória de Biden, atrasando a transição harmoniosa que geralmente ocorre nos Estados Unidos.
Vários presidentes de grandes empresas, como Scott Kirby da United Airlines, ou da Câmara de Comércio Americana, parabenizaram o futuro presidente desde 7 de novembro, quando grande parte da grande imprensa já projetava sua vitória.
Doug McMillon, diretor executivo da Walmart, aproveitou a divulgação dos resultados do grupo em 17 de novembro para garantir que está "ansioso para trabalhar com o governo (Biden) e as duas casas do Congresso para fazer o país avançar".
Até mesmo algumas das vozes mais influentes em Wall Street, como Steve Schwarzman, co-fundador da firma de investimentos Blackstone - fiel apoiador e conselheiro informal de Trump - disse na segunda-feira que chegou a hora de reconhecer a derrota. "O resultado é evidente", comentou em mensagem à AFP.
"Apoiei o presidente Trump e sua forte política econômica", frisou. Mas "como muitos na mídia empresarial, estou pronto para ajudar o presidente eleito Biden e sua equipe, que agora devem enfrentar o desafio de reconstruir a economia após a covid", completou Schwarzman.
- O tempo corre -
Trump não admite sua derrota e suas autoridades não autorizam a equipe de Biden a receber informações sigilosas ou a se reunir com os diferentes responsáveis dos ministérios.
O presidente do banco JPMorgan Chase pediu uma "transição pacífica". "Gostando ou não do resultado da eleição, a democracia deve ser mantida porque é baseada em um sistema de fé e confiança", declarou Jamie Dimon durante uma conferência organizada pelo The New York Times na semana passada.
Algumas organizações de setores duramente atingidos pela pandemia, como o da gastronomia ou o hoteleiro, pedem que Biden colabore com o Congresso.
"Precisamos do governo Biden um espírito de colaboração com ambos os partidos para garantir que os setores mais atingidos pela covid-19 recebam apoio financeiro", disse a Associação Americana de Hotéis e Acomodações no Twitter no sábado.
Um novo plano de auxílio à economia dos EUA é visto como necessário por especialistas, políticos e empresários para que o país retome seu crescimento, mas republicanos e democratas permanecem em um impasse e acusam uns aos outros pelo fracasso.
Alguns executivos de empresas abordam ainda questões mais específicas, como o CEO da Intel, Bob Swan, que enviou uma carta ao presidente eleito na segunda-feira.
"O ano de 2020 foi particularmente desestabilizador para o povo americano. E sabemos que você está se esforçando para unir nossa nação para superar os desafios impostos pela covid-19, as questões raciais, um problema crescente de competências e uma crescente competição global", escreveu.
O governo, porém, também deve se concentrar em temas como o investimento em novas tecnologias, infraestrutura digital e educação científica, acrescentou Swan.
"O presidente eleito Biden e a equipe ao seu redor têm uma rica experiência executiva que deve permitir que eles ajam rapidamente", disse o chefe da Câmara de Comércio, Tom Donohue.