A Rússia afirmou nesta terça-feira (24) que sua vacina Sputnik V contra a COVID-19, desenvolvida pelo Centro de Pesquisas Gamaleya de Moscou, tem eficácia de 95%.
Estes são resultados preliminares obtidos com voluntários 42 dias após a aplicação da primeira dose, indicam em um comunicado conjunto o centro Gamaleya, o ministério russo da Saúde e o Fundo Soberano russo envolvido no desenvolvimento da vacina.
O comunicado, porém, não explica quantos casos foram usados nos cálculos.
A eficácia da vacina 28 dias depois da injeção da primeira dose foi de 91,4%, segundo um cálculo com base em 39 casos, explicou o comunicado.
No total, 22.000 voluntários receberam a primeira dose e 19.000 deles receberam a segunda.
- "Impressionante" -
"Os dados sobre a vacina Sputnik V parecem impressionantes", disse Ian Jones, professor de virologia da Universidade de Reading (Reino Unido), em um comunicado do Sciencre Media Reaction britânico, mas alertou que é preciso esperar a informação completa sobre esta vacina para compará-la com seus concorrentes.
A Sputik V está na fase 3 de ensaios clínicos aleatórios, na qual nem pacientes nem médicos sabem se estão recebendo (ou administrando) um tratamento real ou um placebo.
Espera-se que esta fase envolva 40.000 voluntários na Rússia. Também há ensaios em andamento nos Emirados Árabes Unidos, Venezuela e Belarus.
Embora a fase 3 ainda não esteja concluída, vários funcionários russos de alto escalão já foram vacinados, incluindo os ministros da Defesa, Serguéi Shoigu, e do Comércio, Denís Mantúrov, assim como o prefeito de Moscou, Serguei Sobianin.
- Menos de US$ 10 -
"O preço de uma dose da Sputnik V no mercado internacional será inferior a 10 dólares", anunciou em um comunicado separado o Fundo Soberano russo, enquanto para os cidadãos russos a vacina será gratuita.
A Sputnik V está atualmente na fase 3 de testes clínicos randomizados com duplo-cego, com quase 40.000 voluntários.
Elogiada pelo presidente Vladimir Putin, a Rússia pouco explicou a documentação científica para a vacina, mas seus criadores reiteraram nesta terça-feira que os dados da pesquisa serão publicados em breve "em uma das principais revistas médicas do mundo e revisados por seus pares".
Trata-se de uma vacina de "vetor viral", que utiliza duas injeções de dois adenovírus (um tipo de vírus muito comum, que provoca resfriados, por exemplo) modificados com uma parte do vírus responsável pela covid-19.
Quando o adenovírus modificado penetra nas células das pessoas vacinadas, estas produzem uma proteína típica do SARS-CoV-2, o que permite ao sistema imunológico reconhecer o vírus e combatê-lo, de acordo com o centro Gamaleya.
A concorrência é intensa para desenvolver uma vacina que freie a pandemia de coronavírus que afeta o mundo desde o início do ano.
O grupo farmacêutico britânico AstraZeneca e a Universidade de Oxford publicaram na segunda-feira que sua vacina tem eficácia média de 70%.
A vacina desenvolvida pela americana Pfizer e alemã BioNTech tem eficácia de 95%, segundo os resultados completos do teste clínico em larga escala, anunciados na semana passada. A empresa americana Moderna anunciou resultados similares (94,5% de eficácia).
A Rússia está disposta a lutar pela liderança na corrida pela vacina e, já em agosto (antes mesmo dos testes clínicos em larga escala), anunciou que a Sputnik V era muito eficaz, o que provocou dúvidas da comunidade científica internacional.