A China aumentou a pressão sobre a Austrália nesta sexta-feira (27) com a imposição de medidas antidumping sobre as importações de vinho australiano, o último episódio de crescentes tensões diplomáticas entre os dois parceiros comerciais.
O Ministério do Comércio anunciou em comunicado que uma investigação preliminar mostra que a indústria vinícola chinesa sofreu "dano material" devido ao dumping do vinho australiano, de forma que, a partir de sábado, as importações serão tributadas entre 107,1 % e 212,1%.
O dumping, de que Pequim acusa Canberra, é uma prática que consiste na venda de bens por uma empresa para o exterior a preços inferiores aos que costuma praticar em seu mercado interno.
Em agosto, o Ministério do Comércio da China havia anunciado o início de uma investigação sobre os vinhos australianos importados em todo o ano de 2019, em um contexto de tensões crescentes entre os dois países.
As relações entre Pequim e Canberra ficaram tensas depois que o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, se aliou aos Estados Unidos e pediu em abril uma investigação internacional sobre a origem da nova epidemia de coronavírus.
No final de abril, o embaixador chinês em Canberra, Cheng Jingye, já alertava que a demanda da Austrália para investigar a pandemia da covid-19 poderia levar a um boicote por parte dos consumidores chineses.
"As pessoas podem perguntar: 'por que beber vinho australiano?' ou comer carne australiana?'", alertou o embaixador no que soou como uma ameaça velada.
As exportações de vinho australiano para o gigante asiático no ano passado alcançaram o valor de 919 milhões de dólares, de acordo com Canberra. A China é o maior mercado de exportação de vinhos australianos.
A China, que é o principal parceiro comercial da Austrália, já limitou as importações de carne bovina e impôs tarifas sobre a cevada. Além disso, o governo pediu aos cidadãos que não visitassem o país.