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Estado de Minas

China impõe medidas antidumping ao vinho australiano


27/11/2020 06:43

A tensão diplomática entre China e Austrália aumentou nesta sexta-feira, quando Pequim anunciou a imposição de medidas antidumping sobre as importações de vinho australiano, uma medida de pressão que as autoridades australianas consideraram "injusta".

O ministério do Comércio anunciou em comunicado que uma investigação mostrou que a indústria vinícola chinesa sofreu "dano material" devido ao dumping do vinho australiano, de forma que, a partir de sábado, as importações serão tributadas entre 107,1 % e 212,1%.

O dumping - ou concorrência desleal - de que Pequim acusa Canberra é uma prática que consiste na venda de bens por uma empresa para o exterior a preços inferiores aos que costuma praticar em seu mercado interno.

As relações entre China e Austrália começaram a se deteriorar em 2018, quando Canberra excluiu o grupo chinês de telecomunicações Huawei da construção de sua rede 5G, alegando razões de segurança nacional.

Pequim também criticou o pedido do primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, de uma investigação internacional sobre a origem da pandemia de coronavírus, detectado pela primeira vez no fim do ano passado na cidade chinesa de Wuhan.

A China considera que a demanda, alinhada com a posição dos Estados Unidos, é hostil e tem motivações políticas.

No final de abril, o embaixador chinês em Canberra, Cheng Jingye, alertou que a demanda australiana poderia levar a um boicote por parte dos consumidores chineses.

"As pessoas podem perguntar: 'por que beber vinho australiano?' ou comer carne australiana?'", alertou o embaixador no que soou como uma ameaça velada.

A China, principal sócio comercial da Austrália, suspendeu algumas semanas depois a importação de carne bovina de quatro grandes fornecedores australianos e adotou tarifas de 80,5% à cevada do país.

Em junho, Pequim aconselhou aos turistas e estudantes chineses que evitassem a Austrália, justificando a recomendação pelos incidentes de caráter "racista" contra pessoas de origem chinesa.

Em agosto, o ministério do Comércio chinês anunciou a abertura de uma investigação antidumping sobre os vinhos australianos importados em 2019. Oficialmente, a medida atendia uma demanda da Associação Chinesa de Bebidas Alcoólicas.

A Austrália reagiu ao anúncio das tarifas elevadas por parte da China.

O ministro do Comércio, Simon Birmingham, criticou uma decisão "claramente injusta e inadequada".

A Austrália "defenderá de maneira enérgica" seu setor de vinicultura contra as taxas impostas por Pequim, afirmou o ministro da Agricultura, David Littleproud, que prometeu recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Nesta sexta-feira, as ações da Treasury Wine Estates, uma das principais empresas produtoras de vinho do país, caíram 11% na Bolsa de Sydney.

Em volume, a Austrália foi o maior exportador de vinho para a China no primeiro semestre de 2020, à frente de França e Chile, segundo a Câmara de Comércio de Alimentação Chinesa (CFNA).

As exportações de vinho australiano para o gigante asiático alcançaram no ano passado 1,25 bilhão de dólares australianos (919 milhões de dólares), segundo Canberra.

- Ação "brutal" -

Em um contexto de grande tensão entre os dois países, outro fator aumenta a discórdia: os meios de comunicação.

Em agosto, Cheng Lei, uma apresentadora australiana da emissora de televisão pública chinesa em língua inglesa CGTN, foi detida na China por razões de "segurança nacional" e seu paradeiro é desconhecido desde então.

Poucas semanas depois, dois repórteres australianos fugiram do país pelo temor de detenção.

Uma deles se refugiou na embaixada da Austrália em Pequim e o outro no consulado australiano de Xangai. Após negociações diplomáticas, os dois aceitaram passar por um interrogatório antes da autorização para deixar o país.

Pequim acusou em setembro o serviço de inteligência australiano de executar operações nas residências de quatro jornalistas chineses na Austrália.

Os correspondentes foram interrogados e seus telefones, computadores e tablets confiscados, de acordo com a China. Pequim classificou o comportamento como "brutal".


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