Na primeira entrevista à televisão desde que perdeu a reeleição, o presidente americano, Donald Trump, disse neste domingo (29) que não admitirá a derrota para Joe Biden, nem abandonará a teoria da conspiração sobre uma fraude eleitoral em massa.
"Não vão me fazer mudar de opinião. Minha opinião não mudará em seis meses", disse Trump à entrevistadora da Fox News, Maria Bartiromo.
"Esta eleição foi fraudada. Esta eleição foi uma fraude total", insistiu, sem dar qualquer prova a respeito. "Vencemos a eleição facilmente", reforçou.
A entrevista de 45 minutos, a primeira concedida por Trump desde a eleição de 3 de novembro, foi na maior parte um monólogo de afirmações sem provas sobre uma suposta fraude eleitoral. Bartiromo, por sua vez, praticamente não questionou estas declarações.
Apesar do ataque sem precedentes de Trump contra a validade do sistema eleitoral americano, sua equipe jurídica ainda não aportou nenhuma prova que se sustente nos tribunais.
Uma ação atrás da outra tem sido refutada por juízes de todo o país. A mais recente foi na Suprema Corte da Pensilvânia, que rejeitou no sábado uma ação apresentada por partidários de Trump, que tentavam impugnar a vitória de Biden no estado.
"Estamos tentando apresentar as evidências e os juízes não nos permitem fazê-lo", disse Trump. "Estamos tentando. Temos muitas provas", insistiu.
Ignorando os limites entre seu gabinete e os sistemas judiciário e policial americanos, Trump queixou-se de que o Departamento de Justiça e o FBI não o estavam ajudando.
"Não estão agindo", disse, questionando também a falta de intervenção da Suprema Corte.
"Deveríamos ser ouvidos pela Suprema Corte. Algo deve poder chegar até lá. Caso contrário, o que é a Suprema Corte?", questionou.
As eleições de 2020 não foram especialmente acirradas.
Biden ganhou no Colégio Eleitoral, a disputa estado por estado que decide o vencedor, por 306 votos contra 232 para Trump. No voto popular nacional, que não decide o resultado do pleito, mas tem peso político e simbólico, o democrata Biden venceu o presidente republicano por 51% a 47%.
Ao longo da história americana, os perdedores das eleições presidenciais costumam admitir sua derrota quase imediatamente.
Mas, independentemente de Trump admitir ou não a derrota, o Colégio Eleitoral deve realizar os protocolos formais de confirmação de Biden como o próximo presidente americano, quando seus membros se reunirem em 14 de dezembro, e o democrata prestará juramento e será empossado em 20 de janeiro.
Embora a contagem regressiva para o final de seu único mandato esteja perto do fim, Trump se negou a dizer à Fox News se vê uma data de caducidade para sua até agora infrutífera campanha legal.
"Não vou dar uma data", disse.
Quando perguntado se ainda vê um caminho para a vitória, disse: "Espero que sim".