Jornal Estado de Minas

Reino Unido organiza primeira campanha de vacinação contra covid-19

Depois de aprovar, nesta quarta-feira (2), a distribuição em massa da vacina Pfizer/BioNTech, o Reino Unido se prepara para implantar a primeira campanha em um país ocidental de vacinação contra o coronavírus, uma operação longa e logisticamente complexa.





- Como essa vacina foi aprovada tão rapidamente? -

Os controles realizados pela Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA, na sigla em inglês) do Reino Unido são "equivalentes a todos os padrões internacionais", afirmou a diretora desse órgão independente, June Raine.

Para poupar tempo, "equipes separadas trabalharam em paralelo, dia e noite", com fins de semana incluídos, em diferentes aspectos, sem esperar que uma acabasse para iniciar a outra, explicou.

Na opinião da dra. Penny Ward, ds King's College de Londres, as diferenças de procedimento entre a MHRA e a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) podem explicar a velocidade dos britânicos.

"Ao contrário da EMA, a MHRA pode fazer perguntas à medida que vão surgindo e obter respostas mais rapidamente", frisou.

O ministro britânico da Saúde, Matt Hancock, garantiu que o Brexit permitiu que o Reino Unido aprovasse a vacina primeiro, mas a MHRA ponderou essa afirmação, garantindo que segue os mesmos procedimentos que os europeus.





- Quantas doses foram encomendadas? -

A vacina, que se mostrou 95% eficaz em testes clínicos, requer duas injeções com 21 dias de intervalo.

BioNTech e Pfizer disseram que esperam fornecer até 50 milhões de doses globalmente em 2020 e até 1,3 bilhão em 2021.

O Reino Unido encomendou um total de 40 milhões e espera receber um lote inicial de 800.000, permitindo que 400.000 pessoas sejam inoculadas, para começar a distribuição na próxima semana.

As autoridades reguladoras ainda não aprovaram a vacina nos Estados Unidos, que solicitaram 100 milhões de doses, e na União Europeia, onde foram solicitadas 300 milhões.

- Quem vai ser vacinado? -

A campanha de imunização no Reino Unido começará no início da próxima semana e será em ordem de prioridade.

Os residentes em lares de idosos estão no topo da lista, seguidos por seus cuidadores e pessoas com mais de 80 anos. No momento, o último grupo previsto é o de mais de 50 anos.





Não é recomendado para mulheres grávidas e crianças, com algumas exceções.

Os serviços de saúde entrarão em contato com 400 mil pessoas consideradas prioritárias, e cada uma receberá duas doses.

Esta será "a maior campanha de vacinação já realizada na história do nosso país", disse o chefe do serviço de saúde pública da Inglaterra, Simon Stevens.

A vacinação não será obrigatória.

- Quais os desafios técnicos? -

A vacina Pfizer/BioNTech deve ser armazenada em temperaturas muito baixas, entre 70ºC e 80ºC abaixo de zero. Os centros de inoculação devem ser equipados com freezers apropriados.

As doses serão transportadas da fábrica da Pfizer, na cidade belga de Puurs.

Em entrevista coletiva, o professor Munir Pirmohamed, presidente do grupo de especialistas da comissão britânica de medicina humana, explicou que a vacina é "estável por um curto período de tempo entre dois e oito graus, o que permite que seja transportada para os locais de vacinação".





Além dos hospitais, a população poderá receber as doses em centros especiais, em farmácias e ambulatórios.

De acordo com o jornal Daily Telegraph, o Exército vai estabelecer dez grandes centros nas principais cidades.

- Quanto tempo leva para a população ser vacinada? -

As 40 milhões de doses solicitadas pelas autoridades britânicas permitirão vacinar 20 milhões de pessoas, menos de um terço de sua população (66,5 milhões de habitantes).

O Reino Unido também encomendou vacinas de outros produtores, incluindo 100 milhões de doses da desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório britânico AstraZeneca, e 60 milhões de doses da vacina da Novavax.

Levará vários meses para vacinar as categorias da população identificadas como mais vulneráveis.

"A partir da primavera, da Páscoa, as coisas vão melhorar", prometeu Hancock.

audima